quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Dublê de Anjo (The Fall)
Imagine um mundo onde tudo toma a forma que desejamos, onde a realidade se confunde com os sonhos. Assim é o mundo criado por Alexandria (Catinca Untaru), uma pequena garota que ouve as mais diferentes histórias de seu companheiro de leito hospitalar, o dublê Roy Wolker (Lee Pace). Cada história é mais colorida e divertida que a outra, o que torna a garota cada vez mais encantada por seu novo amigo. Roy daria tudo para não estar nessa situação de dor e precisará da ajuda de sua nova amiga. Catinca Untaru é um nome que não vou esquecer tão fácil, a atriz mirim surpreende na interpretação de uma criança inocente e também carente de afeto.
Roy é um dublê que sofreu um acidente, por isso está internado no hospital. Na ala infantil está Alexandria, uma garotinha que quebrou o braço enquanto trabalhava com sua família em um laranjal. Eles se conhecem quando Alexandria vai até a ala que Roy está, e este começa a lhe contar uma história, mas seu único intuito é conseguir a ajuda de Alexandria para que pegue morfina para ele, sua intenção é se matar, pois não vê mais esperança na vida que vive. Roy constrói a história e usa as pessoas das quais conhece e o visitam no hospital para fazer seus personagens, o mundo mágico criado por Roy praticamente entorpece a garota e produz um efeito quase surreal.
A fotografia é intensa, assim como o figurino, que também é exuberante e com cores bem chamativas. A fábula criada por Roy em que cinco heróis tentam capturar o governador Odious, traz o indiano, o ex-escravo, o especialista em explosivos, Charles Darwin e o bandido mascarado. De uma forma ou de outra, todos foram prejudicados pelo mesmo homem e juraram se vingar dele de uma vez por todas. A história muda de acordo com as condições de Roy que cada vez mais sente a necessidade de se matar, a depressão cresce em seu coração e ele sofre demais, a menina é a sua salvação, com olhares carinhosos, ela acaba despertando em Roy algo que tinha se perdido dentro dele. Ao contar um final trágico para a história, Alexandria se desmancha em lágrimas, pois as crianças sempre esperam finais felizes, e nós espectadores consequentemente esperamos pelo mesmo.
"Dublê de Anjo" não é unanimidade, as opiniões de quem o assiste são diversas, enquanto uns acham a história sem sentido, um fracasso, elenco diminuto e apelativo em plasticidade, outros a acham magnífica e ao mesmo tempo simples, os atores se complementam nas extremidades, a menina com sua ingenuidade e Roy cansado de viver. É aí que entra o maior espetáculo, o poder de sentir de novo algo bom dentro de si, Alexandria nos faz lembrar do quão é importante deixar-se iludir por uma história fabulosa, pois dessa forma vive-se, acredita-se nas possibilidades, a história de Roy pode ser mudada, assim como ele mesmo. O roteiro tem certa profundidade que combina perfeitamente com o clima imaginário criado. De fato é um filme injustiçado, já começando pelo título nacional, a má divulgação e o elenco pouco conhecido, o que não torna o filme atrativo para olhos de quem busca estrelas hollywoodianas.
Com visual arrebatador e um teor inocente, o filme se faz uma ótima opção, o simples e o ingênuo nunca pode parar de encantar, se isso se for,o que restará a nós? Afinal o cinema na sua essência nos propõe exatamente o fator deslumbramento, o arregalar dos olhos diante a uma imagem e a possibilidade de poder pensar, refletir e aguçar nossas percepções. E acima de tudo, nos permite a imaginar e a pensar sobre amizade, amor, vida e morte.
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