"The Lodge" (2019) dirigido por Severin Fiala e Veronika Franz (Boa Noite, Mamãe - 2014) é um filme de terror que foge dos clássicos sustos e prima mais pela atmosfera tensa e sufocante, é lento no desenvolvimento e trabalha em detalhes a personalidade dos personagens, uma boa amostra do quão aterradora é a mente humana, se familiariza com alguns elementos de "Hereditário" e também lembra em alguns pontos "O Iluminado". Sem dúvidas, uma obra marcante!
Durante o feriado de fim de ano, Grace (Riley Keough) viaja com seu futuro noivo e os dois filhos dele para um remoto chalé. Quando a relação entre ela e as crianças finalmente começa a se estabelecer, uma nevasca e estranhos acontecimentos ameaçam despertar demônios psicológicos de sua infância.
Acompanhamos logo de início uma cena chocante, daí parte para como os irmãos Aidan (Jaeden Martell) e Mia (Lia McHugh) lidam com o ocorrido, o pai (Richard Armitage) sem dar tempo para que eles sofram e passem pelo luto os arrasta para uma casa isolada junto de sua namorada para passarem o natal, tudo com a intenção de aproximá-los, mas os dois não querem e antes de ir investigam a vida da moça, Grace tem um passado sombrio e traumático envolvendo uma seita religiosa liderada pelo próprio pai, vive a base de remédios e seu semblante demonstra sempre cansaço, não há dúvidas de que essa ideia é irresponsável já que ele precisa ir trabalhar e deixá-los nesse local à deriva das próprias emoções. O roteiro brinca demasiadamente com o espectador, as várias situações nos dão certas dicas que ao se desenrolarem acabam caindo por terra, o fato é que Grace tenta a aproximação e os irmãos relutam, depois eles se aproximam e começam a confundir a mente dela, objetos somem, inclusive seu remédio, vai ficando cada vez mais grave e o ápice é o sumiço de seu cachorro que a faz perder o senso de realidade, eles continuam a inventar que estão numa espécie de limbo por conta da culpa e a fazem crer que ela é a causadora disso tudo, ela entra na paranoia religiosa novamente e quando Aidan e Mia se dão conta é tarde demais, não adianta contar a verdade e restabelecer qualquer tentativa de conexão, o mal está feito. Quando o pai chega ao local invadido pela nevasca não parece haver saída e o que se segue é caos e tragédia. O misto de sensações que a história provoca é incrível, os personagens oscilam em seus sentimentos e ações, perturbam e criam revolta, principalmente o pai que foi um irresponsável e insensível com os filhos, não deu tempo para entenderem e passar pelo fardo, logo os joga numa isolada casa cheia de lembranças junto com a namorada instável em meio a uma nevasca horrorosa. É um redemoinho de ações erradas.
O filme possui em grande parte uma ambientação fantasmagórica e sufocante onde tensões se estabelecem e refletem em imagens as emoções das crianças em relação a situação, e apesar de cair o ritmo em determinado momento é uma obra perturbadora e que choca pela ousadia de muitas cenas, a construção dos personagens é um primor, além da incrível direção de arte.
"The Lodge" tem uma trama que cria enigmas e tensões que arrepiam pela carga dramática. Forte e desagradável em inúmeros momentos, mas isso é um atributo formidável do roteiro mesmo que algumas partes caiam na monotonia. O destaque vai para a beleza plástica e a perturbação intensa vivida por Riley Keough.
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