"A Quinta Estação" é a última parte de uma trilogia sobre o embate do ser humano e a natureza, sendo as duas primeiras "Khadak" (2006) e "Altiplano" (2009), dirigido por Jessica Hope Woodworth e Peter Brosens.
O drama explora uma grande catástrofe natural, quando o inverno se instala definitivamente, impedindo a chegada da primavera. A natureza não renasce, os insetos desaparecem, as vacas não dão mais leite e a fome começa a tomar conta das cidades. Enquanto isso, os habitantes de um vilarejo buscam um culpado para esta situação.
O longa é apocalíptico, peculiar, imagético e bastante reflexivo. Não é uma obra fácil, ele exige o máximo de atenção do espectador. Os quadros deste filme são sublimes e são eles que nos contam a história, pois os diálogos são escassos. No início vemos um homem tentando fazer um galo cantar, o animal se recusa a tal ato e acaba defecando em cima da mesa, a câmera se move muito sutilmente e demonstra que ali já não há mais jeito.
A história se desenrola a partir daí num vilarejo no interior da Bélgica, as famílias vivem do que plantam, além de produzirem leite e mel, o fim do inverno está sendo comemorado, porém acontece algo estranho, o inverno continua, as vacas não dão mais leite, as abelhas somem e nada mais germina. As pessoas começam a sofrer as consequências e logo o instinto de sobrevivência aparece, nisso se dá uma busca absurda por algum culpado, o ser humano demonstra grande vulnerabilidade, tudo esvai, valores são perdidos. Reflete-se o quão dependente somos da natureza, não existe autossuficiência, se um dia nada mais nos prover começaremos a matar uns aos outros e logo estaremos todos mortos.
É um filme de grande densidade emocional, os acontecimentos dão indícios confusos e peculiares, as abelhas desaparecem, são ouvidos ruídos estranhos na floresta, uma imensa árvore cai, peixes ficam presos na encosta, flores já não brotam mais, as vacas se recusam a dar leite e a terra fica infértil. Fica um tanto claro que a proposta do filme é colocar em pauta os maus tratos dos seres humanos com a natureza, a preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade que se tem em encontrar um culpado, principalmente em situações inexplicáveis. Existe um personagem, Pol (Sam Louwyck), que se difere dos outros nessa comunidade, ele se diz poeta e filósofo, seus diálogos são interessantes e estranhos, por exemplo: "Eu prefiro ser um homem de paradoxo que um homem de preconceitos", isso faz a população desconfiar dele, assim se inicia uma caçada e o filme termina demonstrando até onde vai o caráter das pessoas.
Assustador e místico, "A Quinta Estação" é um longa magnífico repleto de detalhes, cujo poder da imagem é imenso. Dá pra pensar muito sobre o como somos pequenos diante à natureza, na lei da sobrevivência, na ignorância, violência e a busca por um culpado pensando assim ter alguma solução. É uma obra instigante que merece ser apreciada!
Estou afim de conferir esse enigmático "La Cinquième Saison" e o também "Undeva la Palilula", qual me recomenda primeiro namosposa?
ResponderExcluir"La Cinquième Saison" talvez você goste mais, é um filme apocalíptico atípico, já Palilula é divertido e com personagens surreais, os dois são ótimos e super diferentes ;) Bjo
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