"Na vida, parece que as coisas que se perde são mais valiosas do que as coisas que se encontra. As coisas que se encontra perdem-se novamente. As coisas que se perde, existem para sempre."
"Pequena Inglaterra" dirigido pelo grego Pantelis Voulgaris (Noivas - 2004) é um drama emocional que retrata os percalços do amor.
Durante a década de 1930, na Grécia, em uma cultura profundamente patriarcalista, mulheres, em seus lares, esperavam os maridos marinheiros retornarem de suas longas viagens, com a chance de eles não voltarem. Savvas Saltaferos (Vasilis Vasilakis) é um marinheiro que tem vida dupla. Além de sua família na Grécia, ele tem laços na América do Sul. As filhas deste marinheiro já estão na idade de casar e quem fica com o encargo de dizer sim ou não para os pretendentes é a rígida mãe que sempre cuidou das meninas sozinha. É uma vida difícil para as mulheres, elas estão constantemente na espera.
Orsa (Pinelopi Tsilika) e Spyros (Andreas Konstantinou) se amam desde criança, fazem juras de amor enquanto ele vai e volta de suas viagens, o sonho dele é ser capitão para poder dar uma vida melhor a ela, que por sua vez promete o esperar. Mas, a mãe acaba rejeitando o pedido de casamento justamente por ser pobre e rapidamente a casa com um um homem rico. Moscha (Sofia Kokkali), irmã de Orsa é mais expansiva e apaixonada por um estrangeiro, só que a mãe descobre e mexe os pauzinhos para que nada aconteça entre eles. Spyros sabendo do casamento de Orsa fica com muita raiva por ela não ter cumprindo a palavra de esperá-lo, então o tempo passa e ele consegue se tornar capitão e por vingança pede a mão de Moscha, a mãe aceita, pois agora ele é rico. As coisas ficam tensas quando Orsa descobre, mas não tem o que fazer, tanto ele como ela reprimem o sentimento, passam anos guardando para não magoar ninguém e acabam sofrendo demais. As cenas em que Orsa escuta os dois fazendo amor por conta do frágil teto da casa é realmente doloroso.
É um filme muito bonito, tanto pela trama que envolve, como pela fotografia, a paisagem é lindíssima. Acompanhamos essas histórias de amor, tanto Orsa como Moscha amam Spyros, e ele sem dúvidas ama as duas também, mas de jeitos diferentes.
O interessante é que as mulheres dessa ilha na Grécia passam a maior parte do tempo sozinhas, seus maridos viajam sempre a trabalho e ficam por um longo período afastados, inclusive Savvas, o pai das meninas que chegou a constituir uma família na Argentina. Vemos os anos passarem e elas lá esperando com medo de que nunca retornem, afinal o mar é perigoso e a guerra bate à porta.
"Pequena Inglaterra" tem um roteiro primoroso, atuações comoventes e é tecnicamente perfeito, tem aspecto novelesco, porém com um ritmo mais cadenciado, para quem gosta de dramas com muitas revelações é uma ótima indicação. Frustrações, traições e amores impossíveis compõem essa intensa trama.
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