Baseado num dos casos mais estranhos registrados na França, segundo os créditos iniciais, "Na Próxima, Acerto no Coração" (2014) dirigido por Cédric Anger é um suspense psicológico protagonizado por Guillaume Canet (L'homme que l'on Aimait Trop - 2014), um cara doente que não controla sua necessidade de matar, mas que ao longo vai se enroscando em seus próprios atos, pois deixa algumas de suas vítimas apenas machucadas.
Observamos desde o início as suas manias, o longa não tá afim de criar mistérios, ele é bem direto, já na cena inicial o vemos sair de carro e ir atrás de alguma jovem e bela vítima. Oise, França, 1978. Franck é um policial que, nos dias de folga, comete frios assassinatos ao matar jovens mulheres a quem dá carona. Ninguém tem a menor pista de quem seja o autor dos crimes, sendo que o batalhão onde Franck trabalha é responsável pela investigação. Sem conseguir conter a ânsia em matar, Franck começa a se envolver com a jovem Sophie (Ana Girardot), que trabalha em sua casa e é perdidamente apaixonada por ele.
É explorado quase em detalhes a mente deste assassino, a sua confusão, a maneira de lidar com as pessoas, sua mania de limpeza, a sua rejeição em relação ao ser humano, e diante das informações que vamos recebendo percebemos que ele é completamente perturbado, doente. Em dado momento ele tenta se relacionar com Sophie, que trabalha em sua casa, uma mulher que a seu ver é misteriosa e por isso o fascina. Ele é uma pessoa seca, seu semblante sempre está apático e rígido. Uma ótima interpretação de Guillaume Canet, que é um ator que não costuma passear por muitos gêneros, ele é da comédia, mas é incrível o como está irreconhecível, seu personagem não sorri em nenhum momento.
Todos os dias ele aluga um carro diferente e armazena em sua casa uma grande quantidade de armas, além de enviar cartas para a polícia toda vez que mata ou tenta matar, o que mais pra frente acaba o revelando. Franck não é cuidadoso, certa vez até brincou com os seus companheiros sobre ele ser o assassino, e quando a suspeita de que alguém da polícia pode ser o psicopata, as coisas começam a desmoronar. Franck é misógino, não suporta a sujeira dos outros e se autoflagela, não há prazer em seu ato de matar, ele sente asco pelo toque, pelo sangue, ou qualquer coisa relacionada a sua vítima. Acompanhamos o seu dia a dia, a sua obsessão com as conversas de seus companheiros de trabalho e o seu distanciamento dos assassinatos que ele mesmo investiga.
Não criamos empatia com o personagem e isso é bom porque diferente dos outros filmes em que nos apaixonamos pelos psicopatas, neste o retrato é de um alguém chato, desgostoso e sem propósitos, seus crimes são apenas crimes. "Na Próxima, Acerto no Coração" não é um grande filme, mas tem elementos curiosos e é completamente direto, um retrato perturbador da mente de um assassino.
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