Baseado no best-seller escrito pela americana Donna Woolfolk Cross sobre a lendária história da única mulher que teria sido Papisa, entre os anos 885 e 858 DC.
Johanna von Ingelheim (Johanna Wokalek), nascida na pobreza numa época de trevas, onde ser mulher era quase uma maldição, usou de todos os esquemas para poder dar azo à sua sede de conhecimento: ensinada pelo irmão Matthew a ler com apenas seis anos, cedo acaba por ser escolhida pela escola religiosa na Catedral de Dorstadt, onde se torna a única menina estudante. Mais tarde conhece o afeto em Gerold (David Wenham), que a acolheu como filha em sua casa, mas cuja relação, com os anos se transforma em amor. Depois de ser obrigada a casar, acaba por fugir e, disfarçada de homem, entra para o mosteiro de Fulda, onde durante vários anos, esconde a sua verdadeira identidade, tornando-se Johannes Anglicus. Através dos seus grandes conhecimentos de medicina tradicional, conquista o respeito e confiança de todos e, assim seguindo caminho para Roma acaba por salvar a vida do papa (John Goodman), de quem se torna íntima e confidente. Guardando o terrível segredo sobre a sua verdadeira identidade, termina por ascender a pontífice máximo da igreja católica, mas o reencontro com Gerold ditará o seu trágico destino.
Se é fato ou lenda, pouco importa, o incrível do filme é mostrar a religião e o seu poder perante as pessoas, as intolerâncias e o machismo. E por mais que séculos se passem continuam a gerar burburinhos. No século IX não era tão incomum uma mulher se vestir de homem para poder adquirir conhecimento, ou apenas para aprender a ler e a escrever, já que as primeiras universidades eram administradas pelas igrejas, e estas barravam as mulheres. A história coincide com um período de grande confusão na diocese de Roma e Joana teria ocupado o cargo entre o Papa Leão IV e o Papa Bento II. Desde pequena Joana era muito curiosa, aprendeu latim com seu irmão, grego e filosofia com seu tutor, e com a mãe os nomes das ervas, no que mais adiante a ajudaria em medicina, pois foi posta para traduzir os livros de Hipócrates. Muito inteligente e astuta conseguiu se passar por Johannes Anglicus e residiu algum tempo em um mosteiro, onde seria descoberta por um bispo, e este a ajudado fugir.
Se estabelecendo em Roma depois de uma grande peregrinação, não demorou para que sua fama na arte de curar ficasse tão conhecida, deste modo foi chamada para tratar do papa Leão IV, que rapidamente se afeiçoou a Johannes, sua sinceridade e humildade o cativou e o nomeou como um porta-voz. Muitos estavam de olho e queriam o título de papa, e assim que ele morreu foi feita nova eleição, cada membro deu um nome, inclusive o de Johannes. O povo o escolheu, e devido a sua grande aproximação ficou conhecido como Papa Populi. Algum tempo depois acaba engravidando de Gerold, e apesar de ser fácil esconder a barriga por causa de suas vestimentas, foi diante a inúmeras pessoas, numa procissão, que sente as dores do parto, e seu segredo é revelado. Há algumas divergências sobre a descoberta e seu fim. Algumas versões dizem que foi apedrejada, e outras que morreu durante o parto enquanto o povo não acreditava no que via e alguns cardeais gritavam milagre.
Muitas coisas são questionáveis dentro da religião católica, várias histórias da bíblia podem se passar por meras ficções. Várias passagens são tão absurdas quanto surreais, não seria tão espantoso que uma mulher disfarçada de homem num período turbulento em Roma conseguisse conquistar o papado.
É um filme interessante e coloca em xeque várias questões que querendo ou não ainda continuam mesmo que mascaradas. O poder que a igreja detém sobre as pessoas e as obscuridades em torno.
"A Papisa Joana" segue em tons épicos com uma linda ambientação e um roteiro enxuto e competente. A personagem em todas as fases cativa, sendo assim se faz um longa curioso e muito questionador.
A Papisa foi imortalizada, no século XI, numa das cartas do Tarot de Marselha, representando a sabedoria, o conhecimento, a intuição e a chave dos grandes mistérios.
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