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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Menina que Roubava Livros (The Book Thief)

O livro de Markus Zusak sem dúvidas se tornou um clássico, traz uma triste, porém linda história sobre a inocência e a humanidade em meio a destruição. A adaptação para o cinema se fez fiel e deu à história o mesmo sentimento que o livro causa, aquele aperto no peito que nos leva as lágrimas.
Vale destacar que o diretor Brian Percival fez ótimos trabalhos em séries de TV, com a mais conhecida "Downton Abbey" e a primorosa e super elogiada "North and South". Trazer um livro tão querido para as telas de cinema foi um risco, mas a história foi muito bem ambientada e conduzida. Começando pelo narrador onisciente: a morte, assim como no livro já nos desperta um interesse, a voz masculina tem um tom irônico e ao mesmo tempo misterioso, ela disserta ao longo sobre as situações cruéis, as imprevisibilidades, e por fim não nos compreende e confessa o quanto se assusta diante dos humanos. A morte não se interessa pelas vidas que irá ceifar, com rara exceção se interessou pela garotinha Liesel Meminger, e então decidiu acompanhá-la. A guerra e a morte estão sempre lado a lado, e a guerra da Alemanha das décadas de 1930 e 1940 era o lugar perfeito para que ficassem ainda mais juntas.
Sophie Nélisse (Monsieur Lazhar - 2011) deu vida a Liesel, e com muita sensibilidade a personagem esbanja inocência, esperteza e a humanidade que transborda de seus belos olhos. Depois de ver seu irmão morrer nos braços da sua mãe comunista, a menina foi deixada aos cuidados de uma nova família, Hans Hubermann, um pintor desempregado e muito bondoso, e a rabugenta Rosa Hubermann. Na mala ela trazia o manual do coveiro, do qual roubara no enterro de seu irmão, este seria o primeiro de tantos livros que Liesel roubaria.
Hans, deliciosamente interpretado pelo sempre descabelado Geoffrey Rush ensina aos poucos a garota ler, ela anota todas as palavras novas que ouve e assim sua paixão pela leitura só tende a crescer. As palavras podem destruir, assim como construir, enquanto de um lado palavras de um enfurecido Hitler alimentava uma nação amedrontada, por outro Liesel toda vez que encontrava com as palavras conseguia afirmar sua existência. E isso aumenta quando o novo hóspede da casa, Max, um judeu refugiado, se esconde no porão. Hans tem uma dívida muito grande com o pai do rapaz, e portanto o ajuda. Ele a incentiva a escrever e a cultivar a imaginação, e quando fica doente, Liesel lê em voz alta para que ele se recupere de alguma forma. Há outros personagens marcantes também, como seu amigo Rudy, que vive lhe pedindo um beijo, e a mulher do prefeito que se afeiçoa a menina por conta do seu gosto pela leitura, inclusive é da casa dela que Liesel rouba os livros para ler para seu amigo Max.

É incrível, há centenas de filmes sobre o nazismo, e mesmo assim toda vez traz algo de novo e de assustador. É importante lembrar desta horrorosa parte da história que hoje envergonha não só os alemães, mas como o mundo todo. Na guerra não há vencedores, apenas mortes. E como no filme em que a própria morte narra, os humanos me assombram.
A trilha sonora traz o aclamado John Williams, conhecido pelas trilhas clássicas de Star Wars, Super Man, Indiana Jones, Um Violonista no Telhado. A música dá leveza a vários momentos pesados e tensos, e acaba por nos emocionar também. Há várias passagens em que Hans toca um velho acordeão, cujas canções são como abraços. As cenas em que Liesel e Rudy estão juntos são notáveis, a inocência e a pureza contrastando com o horror e a desumanidade em torno deles.

"A Menina que Roubava Livros" é um filme triste, principalmente nas cenas de destruição, com certeza traz muitos sentimentos dos quais esquecemos, como o de passar amor para alguém de grande importância, Liesel a todo momento esbanja carinho, seja com os doces olhares, ou com as suas palavras. Ela nos faz pensar na tal da humanidade.
Mesmo deixando alguns detalhes de fora, no todo é uma linda e fiel adaptação, vale a pena ver esta história ganhar vida no cinema!

"É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre tantas outras coisas: Uma menina, algumas palavras, um acordeonista, uns alemães fanáticos, um lutador judeu, e uma porção de roubos. Vi três vezes a menina que roubava livros."

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