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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O Bar Luva Dourada (Der Goldene Handschuh)

"O Bar Luva Dourada" (2019) dirigido por Fatih Akin (Atravessando a Ponte: O Som de Istambul - 2005, Em Pedaços - 2017) baseia-se na história real do serial killer alemão Fritz Honka que escolhia suas vítimas em um bar e as matava brutalmente em seu apartamento, sua feição asquerosa juntamente com seu estilo de vida degradante surte um efeito repulsivo no espectador e consegue emanar com potência seu cheiro putrefato.
A trama se passa em Hamburgo, 1970. Fritz Honka (Jonas Dassler) é um homem fracassado com o rosto deformado, que vagueia pelas noites de um bairro boêmio ao redor de outras almas perdidas. Ninguém desconfia que, na verdade, Fritz é um serial killer. Ele persegue mulheres mais velhas e solitárias que conhece no Luva Dourada, seu bar favorito, e as esquarteja em seu apartamento. Quando os jornais começam a noticiar o desaparecimento sucessivo de várias mulheres, o medo e o caos se instalam na cidade. 
Acompanhamos a rotina de Fritz, que se resume em trabalhar e gastar seu dinheiro em bebida no bar Luva Dourada, um local cujos frequentadores são em sua maioria velhos briguentos e prostitutas idosas, o dono do bar faz questão de tampar as janelas para que os fregueses não enxerguem a luz do sol para não irem embora e encherem a cara de Schnapps, uma espécie de água ardente, todos possuem apelidos curiosos e é nesse ambiente que Fritz escolhe suas vítimas, sempre prostitutas velhas que não titubeiam em aceitar bebidas, algumas recusam por não suportar olhar no rosto de Fritz, mas a maioria por estarem em estados lamentáveis aceitam e acabam parando em seu apartamento, Honka é extremamente violento e possui uma raiva especial para com as mulheres, a brutalidade é exposta principalmente através dos barulhos, a respiração e os sons que produz são horrorosos, todo o processo em separar as partes do corpo e depois locomovê-los, a sujeira faz parte desse cenário e não nos poupa em nada, o fedor atravessa a tela. Fritz se desfaz de algumas partes, mas guarda em seu apartamento outras e isso faz com que o lugar já sujo se torne repulsivo, todos que entram reclamam do fedor, ele responde que o cheiro é da sopa que os gregos cozinham no andar de baixo, e como sempre a maioria das mulheres estão em níveis de embriaguez extrema não se importam, aliás a bebida é um gatilho para Honka, há um momento que ele decide parar e iniciar um novo trabalho, existe um controle por estar consciente, mas logo isso se quebra e sua misoginia novamente grita. O filme não faz questão de explicar ou de dar detalhes sobre a vida anterior ou as causas de sua personalidade violenta, as curiosidades também foram deixadas de lado e a história se preocupa em colocar em cena de forma perturbadora a degradação do ser humano.

É incrível a ambientação e todo o design de produção, seja no pequeno apartamento atulhado de sujeira com fotos de mulheres nuas grudadas na parede, restos de comida, bitucas de cigarro e garrafas e mais garrafas de bebidas, ou o bar que assim como seus fregueses se encontram numa situação deplorável, o asco permeia desde as mais pequenas situações, a violência é chocante e incômoda, mas sem dúvidas o que mais promove os sentimentos de repulsa é sua estética, o retrato da degradação dos personagens, a parte em que Fritz vomita ao abrir o local onde amontoa os pedaços dos corpos causa ânsia, a podridão ultrapassa a tela.

Obviamente o trabalho de maquiagem feito no ator Jonas Dassler de apenas 23 anos é primoroso, e sua performance ganha todos os méritos possíveis, desde seu modo de andar ao seu sorriso deforme, todos os outros impressionam também, estão sempre com fraturas e feridas, dentes saltando pela boca, pele gordurosa e alterados pela bebida.
"O Bar Luva Dourada" perturba pela estética e pela forma que filma as ações, a degradação humana nesse longa é brutal, deplorável e, principalmente, fétida.

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