"The Dirt - Confissões do Mötley Crue" (2019) dirigido por Jeff Tremaine, criador do famoso "Jackass", traz uma cinebiografia descolada que retrata o surgimento da banda com todos seus altos e baixos e suas doideiras ao longo dos anos, além de seu fim e ressurgimento e então seu último show misturando cenas da banda verdadeira. Cumpre com o papel de expor as características de cada integrante, sejam elas legais ou escrotas e imergimos diretamente no universo dos anos 80 com a ascensão do glam rock e cujos estereótipos do lema sexo drogas e rock'n roll são levados ao extremo.
Considerada uma das mais importantes bandas da história do glam metal, Mötley Crüe foi responsável por dar rosto a uma vertente do rock que, até então, não era muito bem vista pelo público em geral. Vivendo no ápice do estrelato nas décadas de 80 e 90, seus membros vivenciaram todo o glamour de ser um rockstar - até nos momentos mais improváveis.
Entre as cinebiografias de bandas que têm surgido esta sem dúvidas ganha todos os pontos por ser fiel, claro que alguns fatos foram modificados, mas ao todo é um baita filme tanto para os fãs como para aqueles que nem a conheciam, pois possui ótimos elementos, como a caracterização, enredo e o tom completamente divertido. Esse longa marca de vez a era das biografias de bandas, e tomara que as que virão sejam tão boas quanto, a escolha do diretor foi um acerto e a não romantização fez toda a diferença.
Acompanhamos o surgimento da banda com o baixista Nikki Sixx, que sim mudou mesmo seu nome e que devido a relação conturbada com a mãe saiu de casa e foi para Los Angeles por conta própria, e aí fundou o Mötley Crüe ao conhecer o baterista Tommy Lee, o guitarrista Mick Mars que encontraram num anúncio de jornal e por intermédio de Tommy Lee decidiram colocar como vocalista Vince Neil, que tinha um grande apelo com as mulheres. Motivados a fazer algo diferente dentro do cenário da época começaram a aderir influências do glam metal, roupas extravagantes, maquiagem e madeixas volumosas, o que deixavam a mulherada louca, e cuja fama que chegava rápida os deixavam cada vez mais estúpidos e sem limites. O filme não poupa os momentos bizarros e pesados de cada um, há o episódio do acidente envolvendo Vince Neil que acabou matando o baterista da banda Hanoi Rocks, o vício em heroína de Nikki Sixx, os problemas de saúde e a dificuldade de Mick Mars em vários momentos e como sendo o mais velho se portava sempre de maneira mais reservada e misteriosa, e Tommy Lee, o bitolado que andava sempre com suas baquetas e também descontrolado em suas atitudes, algumas passagens de sua vida não estão, como o casamento com Pamela Anderson, mas devido a tantas confusões era esperado que não faria parte. No todo coloca em evidência as personalidades de cada sem florear e todo o cenário da época que borbulhava
A caracterização dos atores está muito boa, não reconheci o ator Iwan Rheon por trás de Mick Mars, o insano Ramsay Bolton de "Game of Thromes", os demais também estão ótimos, Douglas Booth como o baixista Nikki Sixx, Daniel Webber como o vocalista Vince Neil e o rapper Machine Gun Kelly como o baterista Tommy Lee, além da incrível participação de Tony Cavalero interpretando o Ozzy numa das passagens mais doidas de sua vida, que inclui cheirar formigas e lamber o próprio xixi do chão.
O filme surpreende por explorar o contexto da época e todos os seus estereótipos sem querer romantizar ou esconder fatos, é um verdadeiro exemplar do lema: sexo, drogas e rock'n roll.
"The Dirt - Confissões do Mötley Crüe" retrata a ascensão da banda e todos os excessos e absurdos de suas atitudes, e também a eletricidade e o caos que permeava a atmosfera da época. Uma biografia que faz jus ao título de rockstars e que vem na contramão das que pretendem enganar ou esconder do público as partes infames desses artistas que marcaram época.
Li algumas críticas ruins, mas estou curioso para conferir mesmo assim.
ResponderExcluirAbraço