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terça-feira, 14 de março de 2017

Cegos (Blind)

"Cegos" (2007) dirigido pela holandesa Tamar van den Dop (Supernova - 2014) é um filme belíssimo que disserta sobre um puro e intenso amor. Será mesmo que o amor verdadeiro é cego?
Em uma mansão, Ruben (Joren Seldeslachts), um jovem cego e arisco, vive com sua mãe (Katelijne Verbeke). Esperando ajudar o filho, ela contrata Marie (Halina Reijn), uma jovem albina, como leitora. Com paciência, a garota consegue acalmar Ruben, sem imaginar o que virá.
Ambientada no final do século XIX, o que predomina nesta obra é a atmosfera gélida e melancólica, se assemelha a uma narrativa literária e fascina exatamente por conter esses elementos poéticos. Aliás, os livros são uma constante na trama, já que Marie lê para Ruben, inicialmente vemos um garoto agressivo, fechado em seu quarto inferniza a vida de sua mãe, que sem alternativas encontra o anúncio de Marie. Ela chega na casa, uma mulher albina, reprimida e enigmática, sua feição é estranha e a sua pele repleta de cicatrizes devido um acidente na infância, acompanhamos partes de quando era criança em flashbacks, instantes dolorosos que fazem com que compreendamos o porquê de algumas de suas atitudes. O fato é que Marie consegue acalmar com sua bela voz Ruben, e inebriado de paixão quer tocá-la, mas como um animal arisco ela foge. Com o passar dos dias a convivência se estreita e ambos apaixonados vivem momentos únicos. Complexada, Marie evidentemente mente sobre sua imagem para o garoto, ele a imagina diferente e quando toca em suas mãos diz que há flores congeladas nelas, o despertar sexual acontece e a mãe inconsolada com a relação pede ajuda ao médico da família, que diz que com os avanços da medicina é possível que Ruben volte a enxergar, o que deixa Marie triste e a faz fugir. A alegria de poder ver as cores do mundo contrasta com a tristeza de ter perdido seu amor, daí uma gama de reflexões surgem sobre o significado do amor em sua essência. 

"Ele sentou-se duro e frio no salão vazio e gelado. Ela o reconheceu logo de cara e se jogou em seus braços. Lágrimas escorriam por seu rosto vermelho e atingiam seu peito. Seu coração de gelo derretido. Ela beijou seus olhos, ele chorou. Ela beijou suas mãos, suas bochechas, e ele chorou de novo. Lágrimas lavaram a lasca de seu olho. Ele a reconheceu." 

Ruben se apaixonou por Marie, foi a sua voz, seu cheiro (algo muito evidenciado), esses detalhes únicos que imprimem personalidade, interessante quando volta a enxergar e a encontra e a reconhece justamente pelo cheiro, novamente entre os livros, numa cena lindíssima pede para que ela volte para ele, mas Marie resiste e não crê que com a sua aparência o amor continuará sendo tão intenso e puro. A carta que ela lhe escreve diz sobre isso e o desfecho não poderia ser mais clássico, porém com vários elementos peculiares que dão um tom especial. 

O filme é permeado por cenas estonteantes e interpretações de tirar o fôlego, os diálogos são escassos, mas bem pontuados, a atmosfera de sentimentos dominam a tela, e a trilha sonora erudita compõe perfeitamente o cenário.
"Cegos" é sensorial, poético, melancólico, trágico e expõe que o amor pode ser contaminado pelo que se vê, mas esse sentimento arrebatador sempre será indecifrável, nunca saberemos o porquê amamos e o que de fato é o amor.

10 comentários:

  1. Onde eu posso achar para assistir?

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    1. Sempre quis assistir esse filme, mas nunca encontro :(

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  2. Esse filme é maravilhoso. Assisti sozinha num canal fechado de televisão. VALE A PENA.

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  3. Assisti no canal "film & arts" e me surpreendi com a beleza deste filme... Muito bom mesmo!!!

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    1. Isso. Estou atrás da trilha sonora dele. Não acho😢

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  4. é muito lindo esse filme. beijos, pedrita

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  5. Esse filme é ótimo! Assisti ontem no Film & Arts.

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  6. Vi .no filme&arts e gostei mas o entendi melhor depois que li esses comentários.

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  7. Mto bom este comentário, o li depois de ver o filme e o entendi melhor.

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  8. Eu não acompanhei o filme do início, adoraria vê-lo desde o início, mas não encontrei. A fotografia deste filme é maravilhosa, sem falar da história.

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