"O Novíssimo Testamento" (2015) dirigido por Jaco Van Dormael (Sr. Ninguém - 2009) é uma comédia sarcástica que ora pende para o absurdo, ora para a crítica, as metáforas estão espalhadas por toda parte, em todos os personagens. É divertido e sagaz ao colocar o foco não somente no cerne religioso e sim na questão do machismo, o Deus patriarcal que tudo domina.
Deus existe e mora em algum lugar de Bruxelas, arrogante e grosseiro passa os dias digitando em seu computador ultrapassado regras escrotas para tornar a vida humana mais difícil, com ele mora sua mulher submissa e sua filha Ea, que arquiteta um plano de vingança para seu pai. Decidida a escrever um novíssimo testamento, pede conselhos a seu irmão J.C, que não passa de uma estátua que ganha vida em alguns momentos. Ea quer livrar a humanidade desse Deus e pra começar entra na sala secreta de seu pai e invade o seu computador arcaico, e então manda a data exata da morte de todas as pessoas, todos ficam assustados achando ser algum hacker, mas quando as mortes começam a bater com as datas percebem ser verdade, aí algumas pessoas decidem fazer extravagâncias, realizar seus sonhos, abandonar seus empregos, e outras continuam na mesma, outras ainda sabendo do tanto de vida que terão brincam, por exemplo, um rapaz que se joga de tudo que é lugar e se salva por não ser o dia de sua morte. Com o passar do tempo ninguém mais tem medo e a figura de Deus se torna dispensável.
Deus é retratado como um sujeito sem escrúpulos, bruto, machista e que se vangloria, frases como "eu seja louvado" são ditas a todo o tempo, ele trata a sua mulher como um nada e a sua filha com estupidez, até que ela se vinga e ele precisa tirar o traseiro do sofá e ir atrás para tentar reverter a situação, no que se mostra ainda mais incompetente e vítima de suas próprias regras.
Enquanto isso Ea está coletando seus seis novos discípulos para escrever o novíssimo testamento, primeiro encontra um mendigo do qual irá escrever os relatos das pessoas que ela escolheu, entre eles está uma moça solitária que se apaixona por seu assassino, um menino que decide virar menina, a mulher que abandona o marido e começa a namorar um gorila, entre outros.
Benoît Poelvoorde como Deus está sensacional, ele bebe, fuma e xinga, o filme desconstrói a imagem sublime e celestial e coloca Deus em uma frágil posição. Em meio aos humanos é tido como um maluco, um bêbado. Ea interpretada por Pili Groyne esbanja graciosidade e inteligência, os momentos em que conversa com as pessoas são os melhores, ou quando ela escuta a música vinda de dentro de cada um, e também quando decide inventar um sonho para a pessoa. Yolande Moreau como a mulher de Deus, intitulada Deusa, vive a fazer seus bordados e a ver jogos de beisebol, no final do longa ela demonstra toda a sua doçura e prova que o mundo pode ser reformulado e ter todas as cores e possibilidades. O toque feminino faz toda a diferença!
"O Novíssimo Testamento" abarca uma série de questões, em toda cena existe algo para se pensar, tudo é envolto em um tom de comédia e toques surrealistas, mas não se engane há grandes reflexões.
Deus é retratado como um sujeito sem escrúpulos, bruto, machista e que se vangloria, frases como "eu seja louvado" são ditas a todo o tempo, ele trata a sua mulher como um nada e a sua filha com estupidez, até que ela se vinga e ele precisa tirar o traseiro do sofá e ir atrás para tentar reverter a situação, no que se mostra ainda mais incompetente e vítima de suas próprias regras.
Enquanto isso Ea está coletando seus seis novos discípulos para escrever o novíssimo testamento, primeiro encontra um mendigo do qual irá escrever os relatos das pessoas que ela escolheu, entre eles está uma moça solitária que se apaixona por seu assassino, um menino que decide virar menina, a mulher que abandona o marido e começa a namorar um gorila, entre outros.
Benoît Poelvoorde como Deus está sensacional, ele bebe, fuma e xinga, o filme desconstrói a imagem sublime e celestial e coloca Deus em uma frágil posição. Em meio aos humanos é tido como um maluco, um bêbado. Ea interpretada por Pili Groyne esbanja graciosidade e inteligência, os momentos em que conversa com as pessoas são os melhores, ou quando ela escuta a música vinda de dentro de cada um, e também quando decide inventar um sonho para a pessoa. Yolande Moreau como a mulher de Deus, intitulada Deusa, vive a fazer seus bordados e a ver jogos de beisebol, no final do longa ela demonstra toda a sua doçura e prova que o mundo pode ser reformulado e ter todas as cores e possibilidades. O toque feminino faz toda a diferença!
"O Novíssimo Testamento" abarca uma série de questões, em toda cena existe algo para se pensar, tudo é envolto em um tom de comédia e toques surrealistas, mas não se engane há grandes reflexões.
O que você faria se soubesse a data exata de sua morte? Abandonaria sua rotina, transformaria sua vida, ou simplesmente a esperaria da mesma maneira que antes? Diante deste fato alguns personagens, os discípulos que Ea escolheu refletem sobre o que sentem ao saberem o dia exato em que vão morrer. Deus se torna uma figura ultrapassada, assim como seu computador, a ideia de um Deus que tudo vê, tudo comanda e tudo julga é repressora, machista e ilusória. A maior mensagem do filme é para sermos o que bem entendermos, livres de qualquer julgo. Não há nada que nos impeça de ser feliz a não ser nós mesmos.
Jaco Van Dormael soube colocar delicadeza, sátira, fantasia, crítica, metáforas num delicioso roteiro e deu de presente ao espectador um longa engenhoso.
Discutindo as relações humanas, a consciência da mortalidade, o machismo da religião, as influências moralistas que regem as vidas das pessoas, adentramos em um mundo completamente ficcional e estranho, mas ao mesmo tempo real e crítico. A comédia serve para dar leveza e o humor não tem limites. Outro ponto positivo da trama é sua estrutura episódica que dá a liberdade de brincar com os personagens.
"O Novíssimo Testamento" é uma comédia brilhante, desfaz conceitos, preconceitos e proporciona um olhar mais amplo para a vida, ao invés de procurarmos sentido em algo dito superior, é mais válido tomar consciência de si mesmo e perceber o que de fato nos faz feliz.
A premissa é extremamente interessante e ainda não sei como não desagradou aos religiosos fervorosos.
ResponderExcluirAinda pretendo assistir.
Abraço