"45 anos" (2015) dirigido por Andrew Haigh (Weekend - 2011) é um drama melancólico, mas belíssimo que demonstra o quão difícil é lidar com o fato de que nunca conheceremos uma pessoa por completo. As escolhas feitas na vida pesam e será que apenas o amor é capaz de superar tudo o que acontece em um relacionamento?
Falta apenas uma semana para o 45º aniversário de casamento de Kate Mercer (Charlotte Rampling) e o planejamento para a festa está indo bem. Contudo, uma carta chega para seu marido, passada cinco décadas o corpo de seu primeiro amor foi descoberto, congelado e preservado nas geleiras dos Alpes Suíços. Geoff (Tom Courtenay) se desestabiliza emocionalmente, não consegue se conter, Kate de início o ouve, o compreende, mas ele se preocupa demasiadamente com tal notícia e tudo o que Kate parece fazer é invisível aos seus olhos, como a festa de 45 anos que acontecerá dentro de uma semana. Ele relembra o relacionamento passado e chega um momento em que Kate não admite mais, e aí ela descobre um forte segredo. Kate vai da curiosidade à inquietação, começa a reinterpretar seu presente.
A sensação que o filme causa é de pura angústia e medo, pois você escolhe se casar com alguém que também fez igual escolha, passa-se uma vida juntos, mas aí na velhice descobre que, talvez, nunca tenha sido de fato importante. Que nunca foi a escolha real. Dilacerante olhar para trás. Imagine você perceber que seu marido viveu um luto e que conduziu a vida dele e a sua baseado no que poderia ter sido com a outra.
Geoff já havia contado sobre esse relacionamento a Kate, ela sabia que tinha sido algo intenso e rápido, que a moça tinha morrido nos Alpes Suíços, mas depois que recebe a carta notificando-lhe que encontraram o corpo congelado, suas lembranças começam a ferir Kate, são detalhes que parecem se sobressair diante uma relação de décadas.
"45 Anos" é simples e de ritmo lento, acompanhamos a passagem dos dias como se fossem capítulos, onde se dá as mudanças entre o casal, às vezes parece que nada acontece, são assuntos banais, caminhadas, ou seja, exatamente como a vida de um casal idoso é, mas nunca perde sua força, pois tudo que está sendo mostrado é importante, principalmente nos olhares de Kate. Charlotte Rampling está magnífica, uma atuação sensível e cheia de dor, sua personalidade calma dá lugar a dúvidas e a um estranho ciúme. Tom Courtenay na pele de Geoff está fragilizado, nostálgico, confuso, porém nesse turbilhão continua a amar a esposa. Mas essa semana não era para ser marcada por sentimentos negativos.
O filme tem cenas delicadas, diálogos interessantes, o lugar bucólico onde vivem proporciona um sentimento maior de melancolia, e a trilha sonora faz parte da história contada, são canções emocionais, por exemplo, "Smoke Gets In Your Eyes", de Platters, "Go Now", de Moody Blues, "Happy Together", de The Turtles, entre outras.
"45 Anos" é todo construído de sutilezas, é um filme sensível, real e dolorido. Charlotte Rampling está soberba, uma atuação que nos traz pra perto da personagem, percebemos seus sentimentos se modificando, as dúvidas a atormentado, sua vida se despedaçando, suas expressões nos contam tudo, especialmente ao final. Fique atento a cada minúcia deste longa!
É outro filme que está na minha lista.
ResponderExcluirAté mais