"Mulher da Cor do Tango" escrito por Alicia Dujovne Ortiz é um romance argentino inspirado numa ideia fascinante uma vez escrita por Julio Cortázar. Mirelle: uma prostituta amiga de Toulouse-Lautrec, e por ele retratada no quadro: "Au Salon de la Rue des Moulins", seria também a mesma Mireya cantada num tango de Carlos Gardel.
Alicia Dujovne Ortiz mergulha nesse universo e nos conta de maneira hipnotizante a trajetória dessa mulher encantadora e diferente das outras prostitutas, era a única que esperava os homens sem pôr espartilho e foi por tal espontaneidade e franqueza que arrebatou o pequeno Mr. Lautrec, que era seu conterrâneo, de Albi, a cidade vermelha. Os dois acabam tornando-se amantes e a relação confunde-se num amontoado de sentimentos. Mas em determinado momento Mirelle decide abandonar seu benfeitor pelas promessas de um argentino. Em Buenos Aires ela se torna a loira Mireya e numa extraordinária tangueira.
"No museu de Albi está um dos mais belos quadros de Toulouse-Lautrec, "Au Salon de la Rue des Moulins", pintado em 1894 no prostíbulo onde o artista passava longas temporadas. No primeiro plano está uma das prostitutas, sentada em um sofá vermelho, o rosto de perfil, com o olhar distante, talvez distraída ou à espera do próximo cliente, uma perna esticada, a outra recolhida. O cabelo louro avermelhado, o colo generoso, o corpo podendo ser adivinhado sob um vestido verde que mais parece uma camisola transparente, as meias de um verde quase negro, toda ela obedecendo aos cânones da época. O perfil é fino, cortante. Essa mulher se chamava Mirelle, e foi uma das boas amigas de Toulouse-Lautrec. Tão boa amiga que despertou ciúmes no pequeno mundo fechado do bordel..." (Monsieur Lautrec, de Julio Cortázar).
A narrativa é repleta de figuras de linguagem e poesia, principalmente no que se refere ao sexo e ao tango. É apaixonante a descrição de cada cena.
Mirelle ao contrário das outras prostitutas refulgia (termo utilizado no livro para orgasmo) com os homens, ela procurava por detalhes que a maravilhava e se focava neles até o ponto máximo. Seu olhar em relação a todos que a rodeia é minucioso e faz com que de fato consigamos construir os personagens na imaginação.
O sexo e o tango se entrelaçam, vários termos e signos são utilizados, a sensação do tango nos acomete, contemplamos a sua evolução, a riqueza de detalhes de uma cultura, e também a dessacralização de alguns mitos argentinos e franceses. As recriações são tomadas de uma ironia e sutileza primorosas.
A trajetória dessa prostituta é pitoresca e enveredamos por caminhos nem sempre tão aconchegantes. A mulher retratada passa por inúmeras situações e nos apaixonamos pela sua história. Uma aura misteriosa e sensual faz desse um exemplar curioso e estonteante, uma maravilha a ser descoberta e com certeza degustada!
O livro tem uma beleza única e criativa, todo o contexto biográfico envolvendo Lautrec e Carlos Gardel está muito bem inserido e a delicadeza permeia toda a obra. É um romance delicioso que flui entre a leveza e a potência do tango.
"Na vida não se trata de não se enganar, mas sim de acertar o engano preciso, porque o espelho da verdade está embaçado, é um espelho final onde o caminho acaba, enquanto o do erro nos reflete indo para alguma parte com um gesto vivo."
Mirelle ao contrário das outras prostitutas refulgia (termo utilizado no livro para orgasmo) com os homens, ela procurava por detalhes que a maravilhava e se focava neles até o ponto máximo. Seu olhar em relação a todos que a rodeia é minucioso e faz com que de fato consigamos construir os personagens na imaginação.
O sexo e o tango se entrelaçam, vários termos e signos são utilizados, a sensação do tango nos acomete, contemplamos a sua evolução, a riqueza de detalhes de uma cultura, e também a dessacralização de alguns mitos argentinos e franceses. As recriações são tomadas de uma ironia e sutileza primorosas.
O livro tem uma beleza única e criativa, todo o contexto biográfico envolvendo Lautrec e Carlos Gardel está muito bem inserido e a delicadeza permeia toda a obra. É um romance delicioso que flui entre a leveza e a potência do tango.
"Na vida não se trata de não se enganar, mas sim de acertar o engano preciso, porque o espelho da verdade está embaçado, é um espelho final onde o caminho acaba, enquanto o do erro nos reflete indo para alguma parte com um gesto vivo."
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