"Bojack Horseman" é uma série em animação original da Netflix, criada por Raphael Bob-Waksberg traz um humor negro e piadas sarcásticas. Ela não se assemelha a nenhuma outra série de animação, tem seu estilo próprio, sendo crítica e profunda.
A trama gira em torno de Bojack (Will Arnett), um famoso decadente, que outrora fez muito sucesso em uma sitcon chamada Horsin' Around, vinte anos depois ele se encontra desempregado e com crise existencial, vivendo com seu amigo Todd (Aaron Paul), um ex-viciado em videogames.
A série explora muito bem a diversidade de personagens, onde se inclui humanos e seres antropomórficos, Bojack é um cavalo e sua personalidade é extremamente egocêntrica, apenas enxerga o que está a sua frente, tudo circula no "eu", ele deseja escrever uma biografia sobre sua vida, mas devido a sua incompetência decide contratar a humana ghost-writer, Diane (Alison Brie). Bojack passa a contar suas memórias, e ela vai percebendo o quão irresponsável e egoísta ele é, porém a imagem que o livro precisa passar para fazer com que volte aos holofotes da fama, é a oposta.
A série é cheia de referências, várias celebridades são citadas, como Beyoncé, Naomi Watts, Quentin Tarantino, entre outras tantas.
É um mergulho profundo no vazio, por trás das piadas há uma reflexão contundente sobre a famosa Hollywood, ou melhor Hollywoo (o D foi roubado), no quão superficial e efêmero é o tal status de celebridade. O tempo todo nos deparamos com cenas em que Bojack é reconhecido por algum fã da sitcon, e o como ele se enche de orgulho e logo depois desaba. Pura decadência, é notável a sua mudança, antes um cavalo cheio de charme, agora esbanja uma saliente barriguinha e vive bebendo para não dar tempo de ficar sóbrio.
Outro personagem da série que merece toda a atenção é a Princesa Carolyn (Amy Sedaris), uma gata cor de rosa que administra a carreira de Bojack, inclusive até teve um relacionamento com ele. Sem jamais perder o foco é uma workaholic, o mais legal disso tudo é que por mais que os personagens sejam humanizados não perdem certas características, como enquanto a Princesa Carolyn discute assuntos de trabalho ao telefone, brinca com um rato ou arruma seus bigodes, e em outras ocasiões salta dos muros. Outro bem interessante é o ator e namorado de Diane, Mr Peanutbutter (Paul F. Tompkins), um cão sempre amigável e feliz. Em várias cenas demonstra perder o foco da conversa e não se importar com a irritação alheia, e até persegue o carteiro. Ainda há os passarinhos paparazzi, o pinguim dono de uma editora a beira da falência, claramente uma sátira com a editora "Penguin", entre outros que vão aparecendo esporadicamente.
"Bojack Horseman" tem diálogos sensacionais e um timing de primeira, além de todas as personalidades serem trabalhadas perfeitamente. Ela impressiona por ser ao mesmo tempo engraçada e dramática. Com 12 episódios, vale dar uma chance a esta série de animação adulta, não desanime e assista até o fim, pois os últimos episódios são os melhores, fecha com chave de ouro esta que é uma série original e muito bem elaborada. Vale ressaltar a excelente dublagem brasileira, sem dúvidas merece o reconhecimento do ótimo trabalho.
Em "Bojack Horseman" há uma liberdade criativa impressionante, ela detona em certos aspectos, são expostos comportamentos lamentáveis em seus personagens, rimos dos acontecimentos, mas na verdade, é triste.
A história do livro perturba Bojack que acaba não gostando do resultado, e portanto, decide escrever por si mesmo, Diane o retratou como um alguém cheio de complexos, ele não é a perfeição, imagem que Hollywood adora vender, pessoas com vidas maravilhosas e etc... No fim ele deixa ser publicado e até ganha um globo de ouro, do qual não desgruda por um segundo.
Os episódios finais carregam uma força maior, por exemplo, na cena em que Bojack tem uma viagem alucinante sob o efeito de drogas, e em diálogos com Diane, num deles ele pergunta se no fundo ela o acha uma boa pessoa, e ela diz que não acredita nessa coisa de "no fundo", pois as pessoas são aquilo que dizem, e principalmente, aquilo que fazem.
E o que não pode deixar de ser dito é a abertura hipnotizante e, claro, seus créditos finais, cuja música é uma contribuição da banda Grouplove. A letra e melodia grudam na cabeça: ♫ In the 90's I was in a famous TV show ♪...
É impressionante a evolução da série e o como nos pega de surpresa, é tensa, pesada e com dilemas existenciais, inclusive com o maior de todos, a solidão.
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