"The Silence" (2010) dirigido por Baran Bo Odar conta sobre um crime, cujo dois pedófilos fazem parte, enquanto um mata o outro apenas observa e pega os fones de ouvido da menina de 11 anos, que logo após é jogada no rio. Dado isso os dois fogem. Após 23 anos o crime se repete da mesma forma, só que o corpo da garota não é encontrado tão facilmente, os amigos pedófilos distanciaram-se há muito tempo, sendo que o cúmplice casou-se, teve filhos e aparentemente estava livre de sua mente desequilibrada. Mas vendo a notícia do assassinato percebe o quão igual é o daquele de tantos anos atrás. Perturbado parte em busca de seu antigo amigo, sabe-se lá para quê, pois o personagem é de um silêncio absurdo, ele apenas demonstra desespero. Nisso as investigações estão a toda para tentar desvendar esse mistério, há o foco em dois policiais, um já reformado e que nunca desistiu de solucionar o primeiro caso, e outro mais jovem marcado pela perda da mulher e com vários tiques nervosos, que procura seguir em frente e resolver o segundo caso. Paralelamente encontramos as famílias das duas jovens, uma mãe que nunca conseguiu se desfazer da tristeza causada pela perda da filha, e um casal que agora lida com a incerteza da filha desaparecida.
No início de tudo os pedófilos se cruzaram ao acaso, um percebendo que o outro não parava de observar as crianças do parque, onde um deles era o zelador, acabam se aproximando e entendendo que cultivavam o mesmo desejo, assim eles começaram a partilhar segredos de suas mentes pérfidas, por exemplo, gravando vídeos sexuais com meninas que ainda nem desabrocharam. O mais velho dos pedófilos sentia realmente carinho pelo seu amigo, o único que talvez o entendia, e o segundo crime está ligado nessa questão, mas a insanidade do outro cara é tanta que acaba se afundando cada vez mais em mentiras e acusações.
"The Silence" caminha num ritmo lento, mas com muito cuidado afim de que entendamos os dramas dos personagens. Um ótimo filme, surpreendente pelo final onde acontece exatamente o que não queremos que aconteça, e isso é bom. O silêncio é retratado pelo pedófilo perturbado pela imagem do crime que não sai de sua cabeça, e agora ele revive sem saber de fato o que é verdade. O cúmulo é ir visitar a mãe da menina morta a 23 anos atrás, é a cena crucial para desvendar a verdade, que na realidade não é a certa.
Não se sabe exatamente o que se passa na cabeça do pedófilo mais novo, talvez o medo de ver que é um monstro e que não consiga viver normalmente, por isso a vontade de fazer algo que o tire dessa condição acaba aparecendo. O silêncio dá as suas explicações e são tomadas como certas. Encerra-se a história, mesmo que a desconfiança de um policial apareça, dá-se por encerrado. Pois é melhor crer no silêncio ao seguir os passos do barulho que não dá sossego. No final nos deparamos com uma história de amizade certamente estranha, mas que para os dois fazia sentido, juntos se complementavam em suas loucuras doentias. Sozinhos, um ficaria eternamente atormentado e o outro seguiria com seu segredo guardado. Realmente os psicopatas se reconhecem e sempre se guiam pelo olhar.
"The Silence" é um filme curioso, pois de algum modo nos faz gostar imensamente da trama.
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