"Helen" ou "As Faces de Helen" é um filme denso que retrata a depressão exatamente como ela é: uma doença. Muitas pessoas não entendem e associam com a tristeza, mas a verdade é que está muito além de um sentimento. A depressão é um distúrbio psiquiátrico que necessita ser tratado, neste filme a doença é destrinchada e mostrada em seus vários estágios. Helen (Ashley Judd) é uma mulher bem-sucedida que tem um casamento feliz e um bom relacionamento com a filha. Porém, existe algo que ela tenta esconder: sua bipolaridade, que vem à tona em um surto devastador, mudando a forma de ver o mundo. Agora, cabe à sua família e amigos mostrar a ela que a vida continua bela. O quandro depressivo de Helen vai aumentando e junto vem os pensamentos suicidas desencadeado pelo uso de antidepressivos, o marido não sabendo mais como lidar com a situação dentro de casa decide interná-la, e aí acaba descobrindo que Helen já havia apresentado um episódio anterior no período pós-parto de sua enteada.
Helen é uma talentosa professora de música e aos poucos vai perdendo a vontade de viver, difícil compreender as causas, pois sua vida é praticamente perfeita, por isso a narrativa do filme faz questão de explicar que depressão é doença e é necessário tratamento. A sua família sofre junto e tenta ajudá-la, mas ninguém é capaz de lidar com sua dor, apenas uma jovem estudante que conhece muito bem o estado depressivo. Essa garota tem papel fundamental nesse período em que Helen está passando. Helen chega abandonar seu lar por pensar que é melhor o afastamento, daí por diante passa a viver com Mathilda, cuja vida é rodeada de sofrimento. Em dado momento o marido transtornado pergunta para Helen: "O que essa garota tem de mais para você escolher ficar com ela?", e então Helen diz: "Ela não me pergunta como me sinto, ela sabe". É preciso passar por isso para saber exatamente o quão dilacerante é estar neste estado incapacitante.
O filme segue num tom sério, as cenas são todas trabalhadas nas emoções. Ashley Judd está perfeita em todas suas nuances. O interessante é que o marido não a deixa mesmo que não entenda o que se passa com ela, quando Helen se afasta ele deixa claro que a ama e a quer por perto, e isso nunca irá mudar. Muito bonito também a relação que ele tem com sua enteada, sempre sincero expondo o que acontece, o que acaba enfurecendo ainda mais Helen.
De todos os filmes que abordam o tema depressão este é o que chega mais próximo da realidade, desmistifica várias coisas, além do tratamento de choque que é rodeado de tabus. É possível um recomeço, mas é necessário um clique para que desperte algo na consciência, no caso de Helen foi sua filha ter ido atrás dela, e também o desfecho trágico de Mathilda. Existem vários tipos de depressão, Helen pensava na morte constantemente, já sua amiga queria viver, se apegava a meros detalhes, mas quando viu que a realidade em que se encontrava não mudaria não conseguiu suportar. Essa parte retrata aquele dito que quem quer se matar não fica falando, vai lá e faz.
O filme tem um roteiro maravilhoso, atuações impecáveis e é extremamente válido para tirar dúvidas que acercam esta doença. Interessante também por retratar tanto o lado da família como da pessoa doente, imagine o como é difícil para quem convive entender o que passa na mente de alguém totalmente desestabilizado, necessita-se de muita paciência e amor.
Boa tarde!
ResponderExcluirHá alguns anos convivo com a depressão, mas nunca imaginei que estivesse ligada à bipolaridade. Depois de três anos basicamente sobrevivendo, no início de 2017 tive uma crise muito forte e acabei abandonando o emprego em que sou estatutária. Quando fui ao psiquiatra e, depois de algumas sessões, ele me disse tratar-se de bipolaridade, procurei informações sobre o assunto e descobri o filme Helen. Pedi a todos da minha família que assistissem para entenderem como me sinto, pois da mesma forma que Helen, me irritava o fato de ter que explicar algo que eu não aceitava ou entendia direito. Foi primordial para que eu começasse a fazer o tratamento a forma como o filme me mostrou com sinceridade a doença que eu estou vivendo. Gostei bastante da tua abordagem. Obrigada por compartilhar.