"Apocalypto" (2006) dirigido por Mel Gibson proporciona uma viagem a um local nunca visto antes, oferecendo sinais jamais vistos até hoje, de excepcional vivacidade e poder. O longa, que mostra o declínio do império Maia, foi rodado no México e é falado no idioma Maia, tem em seu elenco muitos atores índios e latinos e em sua maioria desconhecidos.
Em "Apocalypto" acompanhamos a vida idílica de uma pequena tribo, cujo cotidiano se resume a caçar e procriar. Também centra o foco naquele que será o protagonista: o jovem Pata de Jaguar (Rudy Youngblood), veloz e impetuoso caçador. O ataque de uma tribo rival, mais poderosa e violenta, dá partida ao segundo ato, e é também quando se inicia o festival de atrocidades e imagens violentas. Os vilões torturam, matam e estupram, sem poupar mulheres nem crianças. Antes de ser preso, Pata de Jaguar consegue esconder a mulher grávida (Dalia Hernandez) e o filho pequeno em uma gruta. Todo o trecho intermediário mostra a jornada dos prisioneiros restantes à vila da tribo vencedora da batalha, com cultos pagãos, pirâmides e feiras livres. E então, a longa parte final é composta por 45 minutos de correria e violência na selva, depois que Pata de Jaguar escapa seguindo os preceitos de uma profecia que ele desconhece, é perseguido por um bando de guerreiros sedentos de sangue.
Um dos grandes mistérios que cercam a derrocada da civilização Maia é o motivo de seu fim. Em "Apocalypto" Gibson trabalha com algumas causas possíveis, como fome, doença, seca e guerra. Um dos motivos de o longa ter agradado tanto foi o respeito pelo desconhecido, assim como pelos fatos históricos. É preciso boa vontade para perceber o aspecto político do filme, enfatizado pela epígrafe da abertura (do historiador Will Durant), o texto diz que uma civilização só é conquistada por outra depois de devidamente apodrecida por dentro. Essa citação só faz sentido ao final, e mesmo assim não se revela completamente, pois nem com esforço dá para traçar um paralelo consistente entre as ações que se vê na tela e a chegada dos conquistadores espanhóis à região. Mel Gibson foi elogiado pelo rico e fiel nível de detalhes com que retratou as tribos maias, na arquitetura, roupas, armas e apresentação física, incluindo pinturas, cicatrizes e piercings.
Uma época histórica pouco explorada pelo cinema, pois trata-se de um assunto perigoso. O que se sabe da cultura existente na América Central antes da chegada dos europeus é baseado em livros. O filme é fiel as teorias atuais de arqueólogos e historiadores que acreditam que, por volta do século XV de nosso calendário, os Maias sofriam com uma grande seca causada pelo desmatamento em torno de suas cidades, trazendo com isso fome e epidemias. A degradação social também se refletia em um governo corrupto, crenças religiosas fanáticas envolvendo uma grande quantidade de sacrifícios humanos e guerras civis. Assim, no filme temos a distinta ideia que aquele era um povo de grande avanço cultural, mas que atingia seu fim.
A maior ousadia de fato foi a de ser usada uma língua quase morta em toda a projeção, tornou-o um filme peculiar e surpreendente.
"Eu vi uma fossa no Homem, profunda como uma fome que nunca saciará. É ela que o torna triste e que o faz querer mais. Ele vai continuar a tomar mais e mais até o dia em que o mundo dirá: Já deixei de existir e nada mais tenho para dar."
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