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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Adeus (Goodbye Solo)

O longa começa com um homem por volta dos 70 anos tentando fazer um acordo com um taxista senegalês nos EUA. O homem quer pagar adiantado mil dólares para, no dia 20 de outubro, ser levado a uma região montanhosa, onde há uma famosa rocha gigantesca e muito vento. O motivo nunca será revelado com palavras, mas sim deduzido pelo público e pelo motorista de táxi ao longo do filme. Surge uma amizade inusitada entre William (Red West) e Solo (Souleymane Sy Savane).
Solo quer ajudar William, mas este não quer ser ajudado, está por algum motivo desiludido da vida e parece que nada poderá fazê-lo mudar de ideia. Já Solo anseia viver, cultiva o sonho de ser comissário de bordo, e estuda muito para poder realizá-lo. Casado com uma mexicana espera pelo seu primeiro filho, mas sua mulher não compartilha dos sonhos dele, o que traz muitos imprevistos e chateações. Solo tem uma relação extraordinária com sua enteada, ele a trata como filha. Uma amizade sincera e protetora. Os dias vão passando e Solo tenta se aproximar de William para descobrir o que se passa, mas ele não quer se envolver, porém ele é um homem bom, mas por algum motivo ficou enclausurado dentro de si mesmo. Erros do passado, arrependimentos, não se sabe, mas há muita amargura na feição desse senhor.
Uma amizade mostrada por um viés diferente, Solo é negro, de origem senegalesa, William é um americano sulista, Solo está em um território onde sofre preconceitos, mas o filme não está a fim de mostrar isso, ele traz a visão das relações humanas e como o acaso contribui para aproximar certas pessoas. "Adeus" é um respiro na indústria cinematográfica que anda por um único caminho, este longa nos surpreende e emociona, nos faz respeitar o próximo e as decisões que são tomadas, por mais que gostemos de alguém, nem sempre podemos mudar o rumo que elas decidem seguir. Solo tenta entender os motivos, ter uma ideia do que William passa, mas as respostas são vagas, quase nulas.
A grande sacada do filme é o poder que a trama nos dá de imaginar o que acontece e, principalmente daquilo que os personagens não dizem, nos dá a capacidade de interpretar os pensamentos deles.

Sonhos e angústias, o embate entre o velho e o novo, esperança e desilusão, a fragilidade da vida, e especialmente a ideia de um amor impessoal, que é revelado por uma amizade precoce e conflitante entre essas duas personalidades de origens tão diferentes. Um filme expressivo, cujo final, inevitavelmente, nos deixa com um nó na garganta.

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