Com um cenário exalando charme e ao embalo de músicas maravilhosas, esse longa francês mostra o fim da Segunda Guerra Mundial, e alguns dos aspectos da história mais recente da Europa em um enredo complexo, onde uma grande variedade de personagens se encontra em diferentes tempos, numa narrativa apaixonada pelo cinema. A princípio parece um filme sobre uma personagem que ama demais, e sofre as consequências do seu comportamento, mas esta perspectiva é apenas o olhar superficial. A introdução de "Esses Amores" é cativante e consegue criar empatia no espectador ao associar cinema e História.
Uma cena onde um cinegrafista, ao filmar uma cena ao ar livre, se apaixona por uma bela mulher, mostra essa máquina de recriar vida que é o cinematógrafo Lumière: a invenção do cinema inaugura uma nova história, agora testemunhada pelos olhos da câmera. Se no começo do filme parece enveredar para esta associação entre cinema e História, ele descamba logo para uma trama mais psicológica. Ilva, filha do cinegrafista com a mulher da praça é julgada por um crime. Esse momento aparece então como a camada presente no filme. Através de flashbacks, ele vai nos mostrando os acontecimentos para que entendamos como Ilva foi parar no tribunal.
Em "Esses Amores" a narrativa transpassa décadas, um painel de personagens que se cruzam. O tema central é o amor. Uma mulher que ama desenfreadamente e libertariamente, que cura a dor de uma paixão dilacerada com outra a substituir aquela. O amor que gera o riso, que cria a tragédia, que é o motivo e o apocalipse de um universo a gravitar em torno dele. Ilva Lemoine (Audrey Dana) é essa mulher, enteada de um membro da Resistência Francesa na II Guerra, lanterninha de um cinema, tachada de colaboracionismo para com o inimigo alemão, envolvida emocionalmente com dois soldados americanos, casada com um milionário, acusada de assassinato. Duas horas seria pouco para testemunhar esse torvelinho dramático que percorre diversos gêneros, no entanto, Claude Lelouch costura sua trama com objetividade e chega a um bom resultado de peculiar modo, abrindo mão de quaisquer medos do obsoleto, afinal "Esses Amores" se mostra um filme à moda antiga e com notável senso de espetáculo cinematográfico, no que é ajudado pela fotografia caprichada e de múltiplas paletas.
Um longa adocicado nos mostrando o peso das decisões e de uma mulher que se apaixona facilmente, chegando até a amar dois homens ao mesmo tempo, e tudo sempre acarreta em alguma tragédia, seja fisicamente ou psicologicamente. É delicioso assisti-lo ao embalo de músicas belíssimas.
"Esses Amores" esbanja charme, um tipo de filme que só os franceses sabem fazer, principalmente Claude Lelouch!
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