Adaptado do livro homônimo de Francisco Perez Gandul e dirigido por Daniel Monzón, esse filme é um Thriller mesclado ao drama, trazendo uma visão peculiar dentro de uma rebelião no presídio. É o primeiro dia de Juan Oliver (Alberto Ammann) como funcionário de uma penitenciária, e durante a visita ao local acaba acontecendo um acidente com ele. Ao invés de ser socorrido é apenas deixado na cela 211, ao mesmo tempo se dá início uma rebelião de presos da ala de segurança máxima. Ao se ver acoado pelos presos e pelo líder da rebelião, Malamadres (Luis Tosar), o funcionário toma a decisão de se passar por um prisioneiro e com isso, lidar com os mais inusitados fatos e contornos que se apresentarão durante esse dia.
É no aspecto das decisões, que durante a trama é necessário aos personagens, que Daniel Monzón mostra um cinema de alto nível. Estamos acostumados com uma visão elitista ou puramente marginal em relação a essas pessoas privadas de seus direitos civis. Em "Cela 211" vemos a cadeia como uma pequena sociedade hierarquizada em que tudo, como aqui fora, tem o seu preço. Os sentimentos de privação e incapacidade dão destaques nesses personagens que, independente de seus valores morais, devem agir para não serem vítimas de seu próprio sistema criado dentro da cadeia. O longa não se atém aos clichês dos filmes de ação passados dentro de uma penitenciária em rebelião. O diretor se focou nos personagens que, em todos os momentos, são decisivos no desenrolar.
O drama envolve uma esposa grávida, funcionários corruptos, problemas diplomáticos e problemas penitenciários. Mas nesse filme o tratamento e o desfecho da trama surpreendem, por isso, é possível afirmar de se tratar de uma obra única. Há críticas ao tratamento do estado à vida humana, Juan Oliver vira peça de joguete para os interesses políticos, e a sua vida passa a não ter mais valor. O tratamento aos presos também é algo discutido, quando a revolta é sentida pelo carcereiro deixado no meio da rebelião. É um estudo atento do funcionamento das instituições prisionais, das más decisões, e dos passos em falso. Apresenta muitos dos problemas das prisões dos países civilizados e os desleixos, como na cela 211, onde vai parar o protagonista, ela fora ocupada antes por um preso que se queixava de fortes dores de cabeça, às quais nunca se deu a devida atenção, e ao final o homem tinha um enorme tumor na cabeça, ta aí um dos abusos cometidos.
Há muito o que se pensar quando o filme termina, não é um passatempo, um filminho de ação, onde presos fazem sua rebelião cheia de pancadarias. Nesse longa eles são humanizados, mostrando que sentimentos ainda existem nesses indivíduos. Como não se simpatizar com Malamadres? Um sujeito bruto, ignorante, que não espera nada da vida, mas que mesmo assim sentimos que existe algo nele que é positivo, e Juan aparentemente um bobão, já no início se revela um ser pensante e lidera de forma muito instigante todo o desenrolar da trama. Os personagens têm aspectos de personalidades bem diferentes uns dos outros, os tipos psicológicos foram bem construídos, o que leva o espectador a invadir todo o contexto. Há reviravoltas no roteiro e o final é surpreendente e inesperado. Um filme que deve ser encarado com seriedade!
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