Segue dois filmes que tratam de um tema em comum, o tráfico de drogas, mas que são construídos de forma única, os dois com seus diferenciais são sem dúvidas exemplares maravilhosos que merecem mais reconhecimento. Confira:
"Arkansas" (2020) marca a estreia na direção do comediante Clark Duke, que também corroteirizou e atuou no longa, é uma história que vai ligando os pontos aos poucos, dividida em cinco capítulos acompanhamos a ascensão dos personagens no tráfico de drogas no sul dos EUA, que assim como o narrador e protagonista do filme revela não é tão organizado e que não existe códigos de honra igual a mafia italiana e mexicana.
Kyle (Liam Hemsworth) e Swin (Clark Duke) entram por acaso no tráfico de drogas. Eles trabalham num esquema de sucesso no sul dos Estados Unidos, recebendo ordens de Frog (Vince Vaughn), um chefe que nunca encontraram pessoalmente. Quando uma das entregas leva a um assassinato involuntário, os dois precisam se proteger das represálias que virão.
Tudo começa quando a dupla conhece Bright (John Malkovich), o chefe deles em Arkansas, mas acaba acontecendo um mal-entendido e os dois decidem agir por conta própria alavancando o negócio, daí a trama vai nos colocando a par da vida de Frog, desde a sua entrada no tráfico até o momento em que se põe como o mandante de tudo, o interessante é a maneira que esses personagens se conectam em um emaranhado de situações perigosas, mas o que deixa ainda mais enérgico é o como cada um encara, Kyle, nosso narrador é um homem frio e que diz não ser ambicioso, no decorrer vemos ele lidar com uma possível transformação onde a falta de lealdade e a ganância são o caminho mais fácil, já Swim com seus trejeitos engraçados beirando ao caricato traz um certo respiro para a rotina deles que é permeada de tensão e violência. O humor cínico e as pequenas reviravoltas dão ao longa uma característica única e que surpreende muito em relação ao tema tráfico de drogas.
"Arkansas" é um exemplar que mescla cinismo, violência e apesar de ter bastante energia caminha num ritmo mais lento, seu clima introspectivo é justamente o que gera o magnetismo e aflição. Ótimo!
"Magnatas do Crime" (2019) escrito e dirigido por Guy Ritchie (Snatch: Porcos e Diamantes - 2000) é um filme que chama a atenção de primeira pelo elenco, um show de atuações que ganhamos enquanto viajamos pela ousada trama, o jeito enérgico e envolvente do diretor dá as caras novamente e que primor de narrativa que mescla sensações diversas em menos de um minuto.
O norte-americano Mickey Pearson (Matthew McConaughey) chega a Londres decidido a vender o seu negócio milionário e viver despreocupadamente de rendimentos, ao lado de Rosalind (Michelle Dockery), a sua belíssima esposa. Contudo, por ser bastante cobiçado e estar relacionado com drogas ilegais, o negócio em questão vai envolver criminosos de toda a espécie e grau, desencadeando intrigas, chantagens, conspirações e assassinatos.
É um filme de gângster estiloso, super elegante e recheado de tramas fascinantes, os personagens são excêntricos e geram antipatia, principalmente Mickey, desprezível até o âmago. Acompanhamos uma bela introdução que se revelará em determinado ponto em suas inúmeras reviravoltas doidas, mas temos como fio condutor Fletcher (Hugh Grant), um jornalista que deseja chantagear Mickey e seu capanga Ray (Charlie Hunnam), Mickey está vendendo sua secreta e moderna plantação a Matthew (Jeremy Strong), que não está satisfeito com o preço, nesse meio entra uma quadrilha de chineses e o jogo entre eles fica confuso, onde um tenta dar um passo a frente pensando estar dando uma jogada de mestre, só que este já pensou nesta cartada e está mais a frente ainda, além de que muitas situações são essencialmente sorte. Para completar Ray conta com a ajuda do treinador de boxe interpretado por Colin Farrell, que diz não se envolver em questões criminosas, porém executa os pedidos de Ray, aleatoriamente termina por completar esse time de malucos. Sarcástico, violento, repleto de viradas com diálogos inteligentes e sacadas diferenciadas, cenas de ações vibrantes, além da trilha sonora que é simplesmente a perfeição!
"Magnatas do Crime" é uma obra estilosa, ácida e que trapaceia, feita com asseio em seus mínimos detalhes, como o figurino e acessórios dos personagens que ajudam a criar personalidades marcantes e delinear traços específicos, além dos prazerosos jogos de diálogos intricados e o desencadeamento das ações que é o que conduzem realmente a história. Baita filme, um dos melhores do ano!
São dois filmes que estão na minha lista.
ResponderExcluirAbraço