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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A Mulher Mais Assassinada do Mundo (La Femme la Plus Assassinée du Monde)

"A Mulher Mais Assassinada do Mundo" (2018) dirigido por Franck Ribière é baseado na história real da atriz Paula Maxa, ícone do teatro Grand-Guignol, especializado em espetáculos de horror entre os anos 1897 e 1962. Paula Maxa nome artístico da atriz francesa Marie-Thérèse Beau atuou neste popular teatro entre 1917 a 1933, seus papéis sempre consistiam em dramas excessivos nos quais ela era torturada e morta de diversas maneiras, por conta do sucesso ela ficou conhecida como a mulher mais assassinada do mundo, ela teria sido morta cerca de 358 vezes no palco levando ao público um sentimento de horror e dúvida, já que as cenas eram feitas com perfeição, inclusive usando métodos à frente do tempo em relação a efeitos de maquiagem, como o sangue, que era usado em demasia. O filme apesar de desandar em seu desenvolvimento e ter um final anticlimático consegue incutir curiosidade e manter um tom sombrio em que a ficção se mistura à realidade.
O filme tem uma espécie de prólogo nos inserindo à figura de Maxa, imergimos em seu macabro universo permeado de mortes de todos os tipos, o clima sombrio flerta com o estilo noir e a voz imponente de Anna Mouglalis narra as maneiras das quais sua personagem morreu: estrangulada, envenenada, decapitada, violentada, esmagada, esquartejada, alvejada, afogada e por aí vai, então vem uma abertura e a história segue com o jornalista Jean (Niels Schneider) indo ao teatro a fim de produzir uma matéria sobre os protestos que estão acontecendo para o fechamento do teatro, o período em que tudo se passa é os anos 30 e para a maioria os espetáculos incitam a violência e desvirtuam as pessoas, o teatro Grand-Guignol se tornou sinônimo do horror devido as esquetes exclusivamente sobre assassinatos e torturas repletas de sangue - o que se tornaria tempos depois um subgênero do terror, o gore, difundido por George Romero, especialmente - os populares desmaiavam e até vomitavam durante a peça, o fato é que esse lugar era considerado um templo do horror em Paris. Jean fica encantado com o que vê e acaba conhecendo Paula e com o decorrer descobre que sua vida pessoal tem a ver com o que representa, ela tem o sofrimento como algo inerente. Jean descobre mais do que deveria, há um suspense não definido e uma confusão entre o que acontece fora do teatro com o que acontece dentro, o sumiço do jornalista, por exemplo, alguns acontecimentos parecem desconexos e as explicações são rasas. Mas há um bom empenho no que diz respeito a homenagear o grande teatro, as cenas são reproduzidas com muito amor, os bastidores e as artimanhas que usavam para fascinar e chocar o público são excelentes.

O que mais chama a atenção é o visual, a ambientação e a atmosfera com suas ruas escuras e esfumaçadas, a sensação é de estar assistindo um filme antigo, Anna Mouglalis dá vida a Maxa com muita força, seus olhos e sua voz são impossíveis de não notar, dão uma característica peculiar. As pessoas entravam no teatro sabendo que ela iria morrer, elas iam especialmente para isso, a cada noite uma morte, fascinantes efeitos de maquiagem, e que deixavam as autoridades de cabelo em pé, até duvidando da onde viria todo aquele sangue que era jogado literalmente na cara da platéia, já era avisado antes de entrarem: "Nosso sangue é sempre fresco e os clientes que não quiserem levá-lo para casa em suas roupas, devem evitar os assentos próximos do palco".

"A Mulher Mais Assassinada do Mundo" é um exemplar curioso e que instiga a procurar mais sobre a atriz Paula Maxa, o teatro Grand-Guignol, seus espetáculos de horror que chocavam e fascinavam o público e até o como o cinema absorveu muitos dos elementos e efeitos desse período e que são usados até hoje.
Disponível no catálogo da Netflix!

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