"A Noite Devorou o Mundo" (2018) dirigido pelo estreante Dominique Rocher é um filme que aborda o apocalipse zumbi de forma realista e intimista, o medo do desconhecido, a solidão, a paranoia, tudo muito bem detalhado para que o espectador sinta todas as emoções vividas pelo protagonista.
Após uma noite de festa com muita bebida, Sam (Anders Danielsen Lie) acorda completamente sozinho no apartamento. Ainda confuso ele descobre um terrível acontecimento: a cidade de Paris está tomada por zumbis famintos. Rapidamente ele começa a proteger o prédio em que vive e elabora estratégias para conseguir manter-se vivo em meio a catástrofe. No entanto, ele ainda não tem certeza se é o único sobrevivente neste cenário hostil.
Sam chega ao apartamento da ex-namorada para buscar seus pertences, mas ao entrar lá se depara com uma festa regada a muita bebida, contrariado ele permanece e termina dormindo num quarto após receber uma pancada no nariz, no dia seguinte percebe algo estranho acontecendo e defronta-se com muito sangue no apartamento, de repente pessoas enlouquecidas estão atacando umas as outras e Sam se fecha no apartamento. Sua personalidade introspectiva faz com que aja com calma elaborando algumas etapas de sobrevivência, ele reflete muito nas possibilidades, o silêncio predomina e o olhar de Sam nos leva da agonia à tristeza, da solidão à ação, logo Sam começa a trancar as portas e se isolar no prédio, não há ninguém vivo além dele, todos em volta são mortos-vivos. A incompreensão do evento gera medo e incertezas, tenta armazenar alimentos e vedar os apartamentos com os "zumbis", em nenhum momento ele os ataca ou vai para fora, não tem a coragem que é tão comum em outros filmes e séries que pululam por aí, por isso o filme acerta e ganha boa parte dos espectadores, ao evidenciar um drama mais realista de quem não sabe de fato o que está acontecendo e o que virá.
As tomadas e ângulos de câmera dão a sensação de reflexão e Anders Danielsen Lie é perfeito para o personagem, seu semblante se encaixa neste tipo de desenvolvimento mais introspectivo, vide o depressivo Anders em "Oslo, 31 de Agosto" (2011). Mas isso não quer dizer que ele tenha apenas uma expressão em sua face, ao contrário, é através delas que percebemos suas alterações emocionais e vibrações, ele também é criativo, devido sua formação musical e por isso garante ótimas cenas em que improvisa com diversos objetos transformando os sons em melodias, além de ter duas ótimas cenas que destrói na bateria.
As tomadas e ângulos de câmera dão a sensação de reflexão e Anders Danielsen Lie é perfeito para o personagem, seu semblante se encaixa neste tipo de desenvolvimento mais introspectivo, vide o depressivo Anders em "Oslo, 31 de Agosto" (2011). Mas isso não quer dizer que ele tenha apenas uma expressão em sua face, ao contrário, é através delas que percebemos suas alterações emocionais e vibrações, ele também é criativo, devido sua formação musical e por isso garante ótimas cenas em que improvisa com diversos objetos transformando os sons em melodias, além de ter duas ótimas cenas que destrói na bateria.
O filme não faz questão de entregar respostas ou esclarecer o acontecimento, o que de fato importa é a reflexão que a história proporciona ao colocar uma pessoa totalmente sozinha tendo que lidar com uma situação completamente desconhecida e usando criativamente maneiras de sobreviver, até certo ponto Sam consegue se estabelecer e manter uma rotina, mas com o passar dos dias a solidão extrema entrega indícios de paranoia e desespero, sua mente se torna confusa e sua ânsia de sair do prédio é grande e se manifesta de modo caótico. Há passagens bem tensas de confronto consigo próprio e outras de alucinação aflitivas.
"A Noite Devorou o Mundo" é um estudo sobre a condição humana, do quanto de solidão suportamos, do medo dos acontecimentos que não se explicam, das ações desesperadas, do rompimento com a nossa consciência em horas decisivas, da nossa fragilidade e a nossa necessidade de fazer parte de algo. Muitas questões filosóficas se destacam e são evidenciadas com simplicidade e precisão coroada por uma profunda interpretação de Anders Danielsen Lie. Sem ilusões e floreios é um filme que engrandece e se sobressai dentro da temática mortos-vivos!
Mais um filme que pretende ver.
ResponderExcluirMinha lista está sempre crescendo.
Abraço