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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Svenskjävel + Yarden (Filmes Suecos)

No post anterior indiquei dois filmes suecos que tratam da hipocrisia, do machismo e da influência e interferência que o meio em que se vive tem sobre as pessoas, neste post são mais dois filmes suecos, eles retratam um outro lado da Suécia, um país considerado perfeito, nestas histórias podemos observar o outro lado da moeda, que nem os países de primeiro mundo estão isentos de crises e jogos de poder entre ricos e pobres. 

"Svenskjävel" (2014) - seria algo como Suecos Bastardos, o título em inglês é "Underdog" - dirigido por Ronnie Sandahl é um drama sóbrio que retrata uma jovem sem perspectivas que sai da Suécia em busca de melhores condições na Noruega. Lá encontra apenas subempregos e discriminação. A sua classe social incomoda, a sua origem incomoda, as oportunidades são escassas e os outros se acham no direito de usá-la como querem. O filme não faz questão de explicar seu passado ou o porquê está nesta situação, há algumas pistas de vício em álcool, família disfuncional, então querendo fugir disso tudo migra para a Noruega com esperanças.
Como muitos jovens suecos, Dino (Bianka Kronlof) fugiu do desemprego em massa do seu país para tentar uma vida nova em Oslo, na Noruega. No entanto, logo ela se depara com uma espiral destrutiva, sobrevivendo com quase nenhum dinheiro, um trabalho irregular e noitadas. Dino é demitida após quebrar o braço e passa a trabalhar como empregada de uma casa de classe média, uma realidade muito distante dela. Durante algumas semanas do abafado verão, a garota se vê no centro de um estranho triângulo amoroso, em uma luta imprevisível de afeto e domínio.
Dino mora em uma espécie de república com inúmeros outros jovens que também se submetem a empregos que pagam pouco, vemos uma moça reclamando do como a chefe a explora e a humilha fazendo-a se sentir inútil no final do dia, Dino é quieta, solitária e gosta da noite, por causa de uma bebedeira e quebrar o braço perde seu emprego de garçonete e logo começa a trabalhar de babá na casa de Steffen (Henrik Rafaelsen), dono de um restaurante que vive um casamento conturbado, a esposa viaja a trabalho, faz grandes projetos e isso o faz se aproximar mais de Dino, que de repente se vê envolvida em uma relação amorosa e numa outra forma de vida. Ela é uma estranha ali, assim como a filha mais velha de Steffen, que aos poucos e silenciosamente cria um belo vínculo de amizade e admiração. Com o passar dos dias Dino sente-se à vontade na casa de Steffen e pela primeira vez experimenta o que é a liberdade, só que mais tarde isso se revelará num odioso jogo de poder. A discriminação é bastante evidenciada, a sua origem e a sua classe social em determinado momento são usadas de maneira jocosa pelos amigos de Steffen. Dentre todas essas questões de desigualdade e preconceito a história mesmo que sóbria e fria permite um olhar esperançoso, de que é possível encontrar seu lugar e dar vazão ao que se tem de melhor, Dino teve sua experiência e aprendeu, e isso é o que importa afinal.

"Yarden" (2016) dirigido por Måns Månsson retrata o fracasso e a dificuldade para sobreviver, a desumanização para garantir um pouco de dinheiro, a crise de desemprego é agravante e o personagem depois de sofrer por não conseguir sucesso e dinheiro com seu livro de poesias, decide abandonar essa carreira e se submeter a um emprego estafante em que pessoas são convertidas a números.
O sueco veterano do teatro Anders Mossling é identificado no filme como 11811, ele irradia melancolia e estoicismo, como o anti-herói sem nome, um pai solteiro de meia-idade, cujo trabalho como um poeta menor só o levou a pobreza e obscuridade. Após imprudentemente sabotar o que resta da carreira literária destruindo publicamente o seu próprio livro mais recente, ele é forçado a procurar emprego no The Yard (Yarden), um vasto armazém de alta tecnologia nas docas Malmö, onde 500.000 carros são enviados anualmente. Nesta visão duramente futurista do local de trabalho pós-industrial, os empregados são tratados como drones intercambiáveis com números em vez de nomes. O desvio menor do protocolo pode levar à demissão imediata por patrões sem rosto.
O personagem exibe uma faceta de cansaço e desesperança, a única coisa que deseja é poder sustentar seu filho adolescente, na fábrica em que a maior parte de trabalhadores são imigrantes existe uma lei da selva, há um bônus para dedurar colegas que roubam airbags e punições a qualquer deslize, cortes salariais por atrasos, sendo que o atraso provém da fila na entrada. A opressão patronal é exposta cruelmente retratando o tratamento insalubre que esses trabalhadores se submetem por não terem outras opções. 
É um filme seco e que carrega uma aura pesada e triste, Anders Mossling é o retrato de uma imensidão de pessoas que perdem a dignidade e que tem como única esperança um emprego degradante, pois é só isso que resta. O mais forte que abusa do mais fraco, o jogo de poder utilizado pelos mais ricos para continuarem mais ricos, isso existe em todo o mundo, até nos modelos mais perfeitos de sociedade, como a Suécia. 

Um comentário:

  1. Ótimas sugestões. Apesar de ser em um nível bem menos significativo do que no Brasil, os países europeus também sofrem com problemas sociais.

    Abraço

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