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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Wiener-Dog

"Wiener-Dog" dirigido pelo excêntrico Todd Solondz (Dark Horse - 2011) apresenta quatro histórias com personagens e contextos diferentes a partir de um cão da raça Dachshund, o popular salsicha. O filme mistura temáticas profundas e pesadas com um humor sarcástico e provocativo. O cão é apenas uma alegoria, um acessório para evidenciar situações tristes, constrangedoras e estranhas, definitivamente irônico e cruel.
É uma série de historietas de pessoas que tiveram suas vidas modificadas após o contato com um simpático cachorro da raça Dachshund, que espalha alegria e felicidade por onde passa em suas viagens pelos quatro cantos do país.
O formato episódico dá dinâmica à história, mas não espere grandes conexões entre elas, ou mesmo entendê-las, o que importa são as situações que se desencadeiam por conta deste cachorrinho, também tem a característica de distanciamento e até um tanto de ressentimento. A primeira é sobre um menino doente que ganha do pai o Wiener-Dog, ele precisa ficar preso em uma gaiola para não sujar toda a casa, mas quando os pais saem o garoto faz a festa e entope o cão com barras de cereais, o resultado é uma diarreia épica e a tristeza do menino em ter que dar adeus ao Wiener-Dog, já que os pais decidiram pela eutanásia. Há cenas muito boas com diálogos brutalmente honestos.
A segunda tem como protagonista Greta Gerwig, assistente do veterinário que realizará o sacrifício, porém ela sequestra o cão e nunca mais volta ao emprego, o batiza de caquinha e vê nele uma forma de aplacar sua solidão, em outro dia encontra um antigo colega de escola, interpretado por Kieran Culkin, e afeiçoado por caquinha a convida para fazer uma viagem sem avisá-la aonde está indo de fato. A partir daí o cachorro passa por alguns outros donos, como o professor de cinema depressivo, na pele de Danny DeVito, que irritado com o rumo que a sétima arte está tomando e por conta da arrogância dos estudantes arquiteta um plano para destruir o local de trabalho. Depois vemos o cachorro sendo chamado de câncer por uma velha que está à beira da morte e que é visitada pela neta apenas para lhe pedir dinheiro. 
Com boas doses de um humor cáustico acompanhamos os questionamentos sobre a vida que o cachorro proporciona a esses personagens, a solidão, as relações familiares, a hipocrisia, as escolhas e seus lugares no mundo. Todos eles estão perdidos procurando alguma coisa que valha a pena para continuar a viver, o cão ajuda a acalmar este sentimento perturbador. 

Retratando aspectos nada agradáveis da humanidade, traça uma narrativa desde a infância até a morte e reflete o como essa espécie dita superior lida com as oportunidades que aparecem e as escolhas que faz, também percebe-se o quão descartável é o animal para muitos. 
Recheado de peculiaridades, por exemplo, um intervalo no meio do filme, onde o cachorro caminha por diversos lugares em épocas diferentes tendo como trilha uma canção original composta por Marc Shaiman. "Wiener-Dog" tem um humor nada convencional, é desconfortante e após seu término deixa uma sensação de vazio existencial.

2 comentários:

  1. Não assisti ao filme, mas por conhecer outras obras de Todd Solondz, o humor deve ser ácido.

    A curiosidade do título fica para a ligação com outro filme de Solondz, "Bem-Vindo à Casa das Bonecas", em que a protagonista interpretada por Heather Matarazzo era chamada de Wiener-Dog pelas outras crianças.

    Abraço

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    Respostas
    1. Interessante essa curiosidade. Quero muito assistir esse que você citou, Todd Solondz realmente é um diretor de estilo único.

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