"Incompreendida" (2014), terceiro longa de Asia Argento (Transylvania - 2006) é um filme que retrata uma menina em fase de transição em meio a uma família disfuncional, escrito em parceria com Barbara Alberti, talvez o roteiro tenha algo de autobiográfico, já que Asia Argento é filha do mestre do terror Dario Argento e da atriz Daria Nicolodi, certamente algumas memórias inspiraram a sua doce protagonista, Aria. Demonstrando toda a difícil missão de crescer sendo rejeitada e incompreendida pelos próprios pais adentramos num universo perturbador e triste, mas que evoca sensações de ternura e carinho.
Roma, 1984, Aria é uma menina de nove anos de idade. À beira do divórcio, os pais infantis e egoístas de Aria estão muito preocupados com suas carreiras e assuntos extraconjugais para cuidar adequadamente de qualquer uma das necessidades da criança. Enquanto suas duas irmãs mais velhas Lucrezia (Carolina Poccioni) e Donatina (Anna Lou Castoldi) são mimadas, Aria é tratada com indiferença e frieza. Mesmo assim, ela anseia em amar e ser amada pela família. Na escola, a menina se destaca academicamente, mas é considerada desajustada por todos. Ela é incompreendida. Seu conforto resume-se em seu gato Dac e sua melhor amiga, Angelica. Ao ser expulsa da casa dos pais e abandonada por todos, até mesmo por Angelica, Aria finalmente chega ao limite do que pode suportar, e toma uma decisão inesperada em sua vida.
O pai (Gabriel Garko) é um ator narcisista cheio de superstições e que atua em filmes de gosto duvidoso, a mãe (Charlotte Gainsbourg) é uma pianista de sucesso que vive a vida sem limites. Aria (Giulia Salerno) fica entre as duas irmãs, ela diz, a mamãe tem Donatina, papai tem Lucrezia, entre idas e vindas da casa deles, pois diversas vezes é expulsa, sua única fonte de amor é o gato Dac. Aria é uma menina inteligente, esperta e que tenta de todas as maneiras conseguir ser notada por seus pais, ela é alvo dos colegas de escola, que não a identificam como uma garota, Angelica, sua melhor amiga, em determinado momento também a deixa de lado, existe uma inocência em Aria que faz com que ela se isole. Como toda pré-adolescente é apaixonada por um menino popular e rejeita o estranho que gosta dela de verdade. Ela se destaca na escrita, impossível não se emocionar quando ganha o prêmio de melhor redação e lê na frente de todos e imagina seus pais a ouvindo. "Não acho que o anjo da guarda seja um guardião invisível que nos espia. Isso me assustaria como um fantasma porque ele me vê, mas eu não o vejo. Acho que o anjo entra em alguém que está perto de nós e nos protege. O meu entrou num gato preto que se chama Dac. Quando ninguém percebe que quero um carinho, ele percebe. Todos os carinhos que não recebo, eu dou a ele. Um pequeno gesto de amor eu faço durar como um pirulito. Vocês sabem o que é um pirulito? É uma bala redonda que parece não acabar nunca. Mas acaba. É uma bala imaginária, como o amor".
Interessante em uma parte do filme que sua mãe está com um cara mais novo, rebelde e este diferente dos outros adora Aria, é lindo vê-la sentindo-se amada, dói ver o quanto necessita de gestos de carinho, toda vez que a mãe demonstra ela se entrega, mas da parte da mãe não significa nada, isso vai pesando em Aria, que cada vez mais se sente abandonada. Na casa do pai não há lugar para ela, a irmã sempre dá um jeito de colocar a culpa de algo nela, na casa da mãe também sempre diz ou faz coisas que vão contra o sistema caótico. Em muitos momentos vemos a vagar pelas ruas com sua pesada mochila e seu gato Dac.
O pai (Gabriel Garko) é um ator narcisista cheio de superstições e que atua em filmes de gosto duvidoso, a mãe (Charlotte Gainsbourg) é uma pianista de sucesso que vive a vida sem limites. Aria (Giulia Salerno) fica entre as duas irmãs, ela diz, a mamãe tem Donatina, papai tem Lucrezia, entre idas e vindas da casa deles, pois diversas vezes é expulsa, sua única fonte de amor é o gato Dac. Aria é uma menina inteligente, esperta e que tenta de todas as maneiras conseguir ser notada por seus pais, ela é alvo dos colegas de escola, que não a identificam como uma garota, Angelica, sua melhor amiga, em determinado momento também a deixa de lado, existe uma inocência em Aria que faz com que ela se isole. Como toda pré-adolescente é apaixonada por um menino popular e rejeita o estranho que gosta dela de verdade. Ela se destaca na escrita, impossível não se emocionar quando ganha o prêmio de melhor redação e lê na frente de todos e imagina seus pais a ouvindo. "Não acho que o anjo da guarda seja um guardião invisível que nos espia. Isso me assustaria como um fantasma porque ele me vê, mas eu não o vejo. Acho que o anjo entra em alguém que está perto de nós e nos protege. O meu entrou num gato preto que se chama Dac. Quando ninguém percebe que quero um carinho, ele percebe. Todos os carinhos que não recebo, eu dou a ele. Um pequeno gesto de amor eu faço durar como um pirulito. Vocês sabem o que é um pirulito? É uma bala redonda que parece não acabar nunca. Mas acaba. É uma bala imaginária, como o amor".
Interessante em uma parte do filme que sua mãe está com um cara mais novo, rebelde e este diferente dos outros adora Aria, é lindo vê-la sentindo-se amada, dói ver o quanto necessita de gestos de carinho, toda vez que a mãe demonstra ela se entrega, mas da parte da mãe não significa nada, isso vai pesando em Aria, que cada vez mais se sente abandonada. Na casa do pai não há lugar para ela, a irmã sempre dá um jeito de colocar a culpa de algo nela, na casa da mãe também sempre diz ou faz coisas que vão contra o sistema caótico. Em muitos momentos vemos a vagar pelas ruas com sua pesada mochila e seu gato Dac.
A estética do filme contribui para o sentimento de deslocamento, as cores, o estilo kitsch do ambiente traduz a confusão do lar e da falta de aconchego, outro ponto é a trilha sonora que complementa para aura dos anos 80.
Giulia Salerno se agiganta na tela, uma menina excêntrica e com fortes valores contrapondo com sua figura frágil, ela resiste em meio a tanto egoísmo e individualismo, ela floresce em meio a um ambiente hostil e decadente, sua inocência resplandece. É uma atuação delicada, mas com muito vigor. O filme é pessimista e coloca em questão toda a sordidez com personagens caricatos, aliás, é muito bem colocado este exagero para explicitar a tamanha vaidade da mãe e do pai de Aria.
"Incompreendida" é melancólico, excêntrico, doce e encantador ao expor a mais completa ausência de afeto, Aria é uma menina que lida com inúmeros fatores e descobertas, ela é ousada e está sempre em busca de um pouco de amor, como ela diz ao final, "não contei isso para me fazer de vítima, mas para que me conheçam melhor. E talvez, sejam um pouco mais gentis."