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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Mais Forte Que Bombas (Louder Than Bombs)

"Mais Forte que Bombas" (2015) dirigido por Joachim Trier (Oslo, 31 de Agosto - 2011) e roteirizado pelo seu parceiro Eskil Vogt (Blind - 2014) é um filme tocante que retrata conflitos em um ambiente familiar, a difícil interação entre pais e filhos e como a ausência ocasionada por uma morte pode afetar a convivência dentro da casa. Joachim Trier e Eskil Vogt têm uma sensibilidade incrível ao expor dramas existenciais, a dor, a depressão e a desordem que esses sentimentos provocam, tanto para quem vivencia, como para aqueles que estão ao lado.
Uma exposição que celebra a fotógrafa Isabelle Reed (Isabelle Huppert) três anos após sua morte prematura traz o filho mais velho dela, Jonah (Jesse Eisenberg), de volta para a casa da família, forçando-o a passar mais tempo com seu pai Gene (Gabriel Byrne) e seu afastado irmão mais novo Conrad (Devin Druid) do que passou em anos. Com os três sob o mesmo teto, Gene tenta desesperadamente se conectar com seus dois filhos, mas eles precisam lutar para conciliar seus sentimentos sobre a mulher da qual se lembram de maneiras tão distintas.
Interessante é que conseguimos adentrar no universo de cada um dos personagens, a maneira que cada um lida com a dor do luto, Jonah, o filho mais velho, acaba de se tornar pai e se vê entediado com a vida de casado, ele vai para a casa do pai devido à exposição, e assim encarando o passado percebe a realidade da família. Gene está namorando uma colega de trabalho, que por sinal é professora de seu filho caçula, Conrad, este um garoto aparentemente quieto, reprimido e solitário, porém quando o observamos mais de perto vemos que ele é um adolescente comum cheio de questões e pronto para as descobertas, ao se apaixonar por uma garota popular, a sua personalidade fica mais evidente, talvez as coisas o afetem de maneira mais intensas.
O filme permite que enxerguemos as angústias dos personagens e como cada lida com a dor e o peso da vida. A solidão e a tristeza é muito presente, mas sempre retratada com realismo e delicadeza.

Não é fácil lidar com um assunto tão pesado, a morte de alguém da família e o como isso afeta os que ficam. A exposição que um jornalista realizará sobre a fotógrafa - maravilhosa interpretação de Huppert, intensa em suas expressões, há closes demorados e belíssimos - mostra que seu trabalho a transformou e que pouco via de satisfatório quando voltava para casa, por vezes se sentindo uma intrusa ali no cotidiano dos filhos e marido, os flashes do passado chegam suavemente e complementa a trama perfeitamente, um trabalho primoroso do roteirista. David Druid como Conrad é outro grande destaque, atuação sensível que denota o quão está perdido tentando entender o que de fato aconteceu naquela noite do acidente. 

"Insignificantes fragmentos apareceram todos juntos nos segundos finais. Os segundos não eram mais segundos, haviam esticado para minutos. O tempo havia se alongado. No que pensava ela? O que passou por sua cabeça ao perceber que o acidente era inevitável?" 

O aprofundamento nos medos, nas angústias e nas dificuldades dos personagens é onde reside a força do filme, encarar e seguir em frente exige muito, os três à maneira deles tentam ultrapassar as barreiras individuais. "Mais Forte que Bombas" é um belo título e representa o que acontece dentro de Jonah, Conrad, Gene e Isabelle. 

Um comentário:

  1. Não gostei tanto quanto você.

    Realmente é uma história triste com personagens que precisam lidar com a perda e com as frustrações da vida, mas achei a narrativa um pouco fria.

    Abraço

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