"Há dez mil modos de pertencer à vida, e de lutar por sua época."
"Nise: O Coração da Loucura" (2015) dirigido por Roberto Berliner (A Pessoa é para o que Nasce - 2005) é um grande filme nacional que retrata a luta da Dra. Nise da Silveira, a psiquiatra que ousou tratar de pacientes de um hospício da década de 1940 usando a criatividade, o carinho e a arte como instrumentos de trabalho.
A história do longa inicia-se em 1944, quando Nise (Glória Pires) retorna ao trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II, em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro. Ela tinha sido presa durante o Estado Novo – a ditadura de Getúlio Vargas – ao ser denunciada por uma enfermeira por ter livros marxistas. Ao chegar Nise se espanta com o ambiente em que vive os pacientes, um local abarrotado de sujeira, sem dignidade alguma, e, principalmente, pelos maus-tratos e tratamentos utilizados, como a lobotomia e terapia de choque elétrico, horrorizada com a maneira com que tudo é conduzido diz ao diretor do Centro, Dr. João (Zécarlos Machado), o que pensa sobre isso e que jamais conseguiria fazer tal coisa, no que acabou sendo designada para o Setor de Terapia Ocupacional, um espaço abandonado. Nise tem garra e arregaça as mangas, limpa todo o ambiente com a ajuda apenas da enfermeira Ivone (Roberta Rodrigues), já que o outro enfermeiro, Lima (Augusto Madeira), pouco se importa com o que vai ser feito, aliás ele é um personagem interessante que ao desenrolar muda completamente sua atitude, de um sujeito bruto e sem amor ao que faz, graças a Nise, ele entendeu que com carinho dá-se um jeito, os avanços dos pacientes com a pintura foram enormes, a sociabilidade foi uma das grandes mudanças.
A história do longa inicia-se em 1944, quando Nise (Glória Pires) retorna ao trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II, em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro. Ela tinha sido presa durante o Estado Novo – a ditadura de Getúlio Vargas – ao ser denunciada por uma enfermeira por ter livros marxistas. Ao chegar Nise se espanta com o ambiente em que vive os pacientes, um local abarrotado de sujeira, sem dignidade alguma, e, principalmente, pelos maus-tratos e tratamentos utilizados, como a lobotomia e terapia de choque elétrico, horrorizada com a maneira com que tudo é conduzido diz ao diretor do Centro, Dr. João (Zécarlos Machado), o que pensa sobre isso e que jamais conseguiria fazer tal coisa, no que acabou sendo designada para o Setor de Terapia Ocupacional, um espaço abandonado. Nise tem garra e arregaça as mangas, limpa todo o ambiente com a ajuda apenas da enfermeira Ivone (Roberta Rodrigues), já que o outro enfermeiro, Lima (Augusto Madeira), pouco se importa com o que vai ser feito, aliás ele é um personagem interessante que ao desenrolar muda completamente sua atitude, de um sujeito bruto e sem amor ao que faz, graças a Nise, ele entendeu que com carinho dá-se um jeito, os avanços dos pacientes com a pintura foram enormes, a sociabilidade foi uma das grandes mudanças.
O filme tem um valor imensurável por retratar Nise da Silveira, essa figura feminina tão forte e que poucos conhecem. Glória Pires encorpora Nise de forma primorosa, sua expressão sempre dura, mas com gestos ternos, uma atuação louvável e engrandecedora. Os atores que interpretam os clientes, assim como a Dra. prefere chamá-los, sem exceção são espetaculares, Claudio Jaborandy na pele de Emygdio de Barros, que aos poucos toma consciência de si através da pintura, Fernando Diniz (Fabrício Boliveira), que tem uma carência afetiva enorme também dá vazão a suas angústias pela pintura, Raphael (Bernardo Marinho), um garoto encolhido que se apega na estagiária Marta (Georgiana Góes) e traduz seus desejos fazendo desenhos. Lucio (Roney Villela), um cara violento e que sofre nas mãos dos médicos, libera toda a sua raiva modelando esculturas, Carlos Pertius (Julio Adrião), um falador, cuja sensibilidade é enorme, faz pinturas belíssimas. Otávio Ignácio (Flavio Bauraqui), se mostra sociável e livre depois de começar a frequentar a terapia, e Adelina Gomes (Simone Mazzer), solitária e violenta, se mostra uma mulher adorável e cheia de amor pra dar.
Nessa empreitada Almir (Felipe Rocha) tem significativa função, ele auxilia nas aulas de arte e compõe o cenário que Nise tanto preza, que é dotado de respeito pelos clientes. Escutá-los, entender o que aconteceu para que eles viessem parar ali, cada um tinha uma história e era preciso administrá-las de modos diferentes. A atenção era a chave para a melhoria, Nise se tornou uma mulher admirável, trocou cartas até com Carl Jung, levou as artes criadas em suas sessões de terapia ocupacional para museus e revolucionou o tratamento dos esquizofrênicos, num tempo em que os avanços nessa área era o choque elétrico e a lobotomia.
Nise batalhou e se impôs em um meio machista, se dispôs a dar dignidade, e com toda dedicação e atenção aos doentes mentais, considerados a escumalha da sociedade, sendo desprezados, jogados à mercê de experiências médicas, os inspirou trabalhando com as artes e a sociabilização, incluindo os animais, que dava a sensação de responsabilidade e um elo afetivo estável.
O roteiro muito bem estruturado nos transporta para o ambiente e a cada cena mergulhamos na luta de Nise, o sorriso dela ao ver o caos se amainando, a apreciação ao ver seus clientes se expressando lhe dá ainda mais impulso. O filme tem o poder de nos fazer refletir sobre a loucura e o quão necessário é pensar no como lidamos com pessoas que sofrem de algum tipo de doença mental, e claro, conhecer um importante recorte da vida dessa mulher extraordinária.
"Nise: O Coração da Loucura" é um filme intenso e emocionante que não cai em esteriótipos, todos os atores fizeram um trabalho crível. É uma produção de qualidade e extremamente fundamental.
"Nise: O Coração da Loucura" é um filme intenso e emocionante que não cai em esteriótipos, todos os atores fizeram um trabalho crível. É uma produção de qualidade e extremamente fundamental.
Ainda não assisti. A história aparentemente muito interessante.
ResponderExcluirAbraço