Páginas

sábado, 21 de maio de 2016

James White

"James White" (2015) dirigido pelo estreante Josh Mond nos conduz a um estudo de personagem, repleto de nuances, emoções conturbadas e conflitos pessoais. São questionáveis as atitudes do protagonista, mas em nenhum momento há um tom de crítica, e sim revela que deixar-se levar pelos privilégios pode acarretar consequências prejudiciais.
É um drama denso que te deixa pensando muito durante e depois do término, e por isso causa desconforto e tristeza. James White é um homem que luta contra seus comportamentos imprudentes e destrutivos enquanto lida também com a perda do pai e a relação com a mãe que sofre de câncer. O conhecemos em uma boate, ele está claramente inquieto, seus olhos refletem uma angústia ansiosa, então ao chegar em sua casa sabemos que ele perdeu seu pai, e mais adiante que sua mãe sofre de câncer e piora cada vez mais. James é um jovem arrogante, mimado, que vive à custa da mãe doente, não trabalha, não tem ambições, vive a seu bel-prazer, bebendo, se drogando, viajando. Com a piora da mãe, James precisa cuidar dela, e a partir daí inicia-se uma tour de force emocional, mas mesmo tendo duras responsabilidades ele não perde sua maneira de ver as coisas. 
Cynthia Nixon como Gail, a mãe de James, se destaca intensamente, antes uma mulher controladora e manipuladora, até por ter criado James sozinha, se vê perdendo a si mesma, difícil acompanhar seu definhamento. O filme passa por estados emocionais conturbados, James é um menino ainda, ele se prende a uma garota adolescente, a brigas, a um consumo excessivo de bebida, drogas, e na única alternativa de conseguir um emprego acaba estragando tudo, se autossabota. Christopher Abbott encarna um personagem que ora irrita, ora encanta. Defini-lo é impossível, pois ele não se conhece e o que passa ao espectador é um alguém sem autoconfiança. O relacionamento de co-dependência entre ele e a mãe certamente interferiu na construção de sua personalidade, quando tudo desaba James está sozinho e precisa encarar-se de frente. O diálogo que acontece no banheiro quase pro fim do filme é uma cena memorável, é a vida que ele nunca irá viver. A sua respiração, a mãe em seus ombros... é o ponto forte do longa.

Tem algo em James que deseja melhorar, mas ele continua a se apoiar em situações para que isso não aconteça, ele está sempre ansioso, angustiado, infeliz. A câmera capta perfeitamente os detalhes, expressões e olhares. As cenas são construídas cuidadosamente e imergimos numa melancolia profunda.
"James White" retrata um cara que está à deriva, que não sabe o que fazer para mudar, até que a vida o obriga a pensar, a olhar para si próprio e então quem sabe, a encontrar um rumo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SE FOR COMENTAR, LEIA ANTES!

NÃO ACEITO APENAS DIVULGAÇÃO.