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quarta-feira, 2 de março de 2016

Mamma Gógó

"Mamma Gógó" (2010) dirigido pelo islandês Friðrik Þór Friðriksson, um dos mais respeitados de seu país e responsável por colocar o cinema da Islândia em evidência. "Filhos da Natureza" (1991) foi o filme que abriu as portas e surpreendeu ao ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1992. Em "Mamma Gógó" o diretor não perde a oportunidade e brinca com o fato, diz que tal filme é um fiasco e os islandeses não ligam para a história, que reflete sobre a velhice. Existe uma discussão interessante sobre a paixão de fazer filmes.
Um cineasta (Hilmir Snær Guðnason) ambicioso torce por uma indicação ao Oscar apesar do fracasso absoluto de seu último filme na Islândia, sua terra natal. Ao mesmo tempo, sua mãe (Kristbjörg Kjeld), outrora enérgica e inteligente, é diagnosticada com Alzheimer. 
A história retratada é uma semi-autobiografia do diretor, que durante as filmagens de seu filme, sua mãe começa a sofrer cada vez mais pela perda de memória, diagnosticada com Alzheimer, ele passa a cuidar mais da mãe, que apesar de outras duas filhas, é sempre a ele que recorre. O filme não é somente sobre a dificuldade de se envelhecer, mas também sobre fazer cinema, a metalinguagem utilizada é sutil e fascina.
Gógó por conta de sua doença protagoniza situações cômicas, desde a deixar seu neto sozinho com uma garrafa de vodca na sala, a quase incendiar a casa, e a fuga pela descarga do banheiro quando já se encontra numa casa de repouso. Claro, refletimos muito sobre a dificuldade de se lidar com tal doença, o envelhecimento e a morte, mas é um filme leve e gostoso de assistir.
Destaque para a fotografia e a natureza majestosa em estado bruto da Islândia, e também os toques fantasiosos da trama que o tornam ainda mais sensível. Os diálogos alternam-se entre o drama e a comédia e fica impossível não se simpatizar com a Mamma Gógó, uma senhora que antes era uma mulher independente, e que de repente se vê necessitando de cuidados, é resistente diante a ir a uma casa de repouso, mas as filhas demonstram impaciência e o filho está numa fase complicada, mas ele acaba sendo o único a ajudá-la. 
O retrato do envelhecimento é dolorido, mas neste longa o diretor soube dar um tom agradável e até cômico.
"Mamma Gógó" é um exemplar brilhante vindo da Islândia. É um filme comovente, afável e que homenageia a velhice, o cinema, e acima de tudo, o amor.

Um comentário:

  1. Mais um filme que eu não conhecia.

    Sendo produzido na Islândia, é quase uma raridade.

    Abraço

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