"Em um Mundo Melhor" (2010) dirigido pela dinamarquesa Susanne Bier (Brodre - 2004, Depois do Casamento - 2006), traz um drama denso que nos faz refletir sobre diversas coisas, entre elas o comportamento do ser humano em questões corriqueiras, e a conduta em relação ao próximo. O termo olho por olho é exposto de uma forma muito interessante e ainda retrata outras questões, como o bullying, perdas, violência e solidão.
Em uma nação africana devastada pela guerra, o médico cirurgião Anton enfrenta um fluxo constante de perda e tragédia. Enquanto isso, na Dinamarca, sua mulher está preocupada com seu filho mais velho, Elias, que é constantemente perseguido por Sofus, o valentão da classe. Quando Christian entra para a turma, ele e Elias se juntam no ódio a Sofus. Rude e cruel desde a morte de sua mãe, Christian passa por uma fase agressiva, enquanto seu pai Claus, devastado, não consegue lidar com seu comportamento. A partir da amizade conturbada dos dois garotos, as duas famílias criam um vínculo. Anton diariamente lida com pessoas que são vítimas da violência devido a grande pobreza que os rodeia na África, as mulheres e crianças são as que mais sofrem, o líder, Big Man, não poupa nem as grávidas. Seu filho Elias, que também é vítima de violência, apanha de um garoto maior na escola e volta para casa com os pneus da bicicleta furados, prefere omitir, já que a situação em sua casa não é das melhores, seu pai e sua mãe estão prestes a se divorciar. Quando Christian entra na vida de Elias as coisas começam a tomar um outro rumo, ele não se conforma em ter perdido a mãe e culpa seu pai, Claus não sabe o que fazer para amenizar o rancor que seu filho sente. Christian vendo que Elias não faz nada contra Sofus, vai e se vinga pelo amigo, ele bate tanto no garoto que o deixa quase cego.
Christian carrega um semblante fechado, está constantemente revoltado e distante dos outros. É um garoto que no fundo necessita de afeto, e que principalmente precisa descobrir que nem sempre a violência resolve, porém em certas ocasiões ela é necessária e o filme exemplifica isso na figura de Anton, ao ter que enfrentar Big Man, que invade o campo de refugiados procurando ajuda médica.
Os filmes de Susanne Bier são dramas intensos, é impossível não sentir a dor dos personagens, afinal as situações retratadas acontecem conosco. A violência está incutida no ser humano, e por bem pouco ela é despertada, no que se revela em algo grandioso e pode atingir outros que nada tem a ver.
O pensamento olho por olho, dente por dente dá certo para Christian, ele consegue intimidar Sofus e este não perturba mais Elias, isso se intensifica na sua cabeça e tudo para ele se resume a essa ideia. Um dia acontece algo muito trivial, o filho mais novo de Anton se envolve em uma briga no parquinho com outra criança, Anton imediatamente separa os dois e pergunta o que está acontecendo, nisso o pai do outro menino aparece e nervoso o insulta e diz para tirar as mãos de seu filho, não adianta conversar ou explicar que estava separando uma briga, Anton acaba levando um tapa na cara. É algo muito banal para ficar remoendo e o pai de Elias diz que o homem é estúpido e não conhece nada além daquele mundo que o rodeia, a ignorância. Seus filhos o escutam, mas Christian não absorve suas palavras e não se conforma que o pai de seu amigo queira esquecer tal episódio, então o garoto vai em busca de informações sobre o homem para que Anton o ensine de uma vez por todas que o que aconteceu não se faz. Mas o pior acontece, enquanto Anton tenta conversar, o outro homem apenas o xinga e bate em sua cara por mais de duas vezes. Para Christian isso é uma humilhação, pois ele pensa que para se ganhar respeito é preciso agir com violência. Mais tarde, ele começa a arquitetar um plano envolvendo bombas para vingar o pai de seu amigo. Elias de início não concorda, mas inevitavelmente segue seu amigo.
Todos os dramas explorados são consistentes e reais, por muitas vezes nos deparamos com situações que poderiam ser resolvidas à base de conversa ao invés da violência, claro, nem sempre devemos dar a outra face para que estapeiem, mas independente da escolha que fizer as consequências virão.
O filme gera discussões acerca de vários assuntos, mas não toma partido nenhum, apenas mostra que tanto um lado como outro tem os seus efeitos. O curioso dos filmes de Susanne Bier é que eles parecem convencionais em princípio, mas conforme o desenrolar percebemos que existe profundidade em suas narrativas e personagens, não ficamos imunes a eles após o término. Por essas e outras, vale a pena conferir "Em um Mundo Melhor".
Em uma nação africana devastada pela guerra, o médico cirurgião Anton enfrenta um fluxo constante de perda e tragédia. Enquanto isso, na Dinamarca, sua mulher está preocupada com seu filho mais velho, Elias, que é constantemente perseguido por Sofus, o valentão da classe. Quando Christian entra para a turma, ele e Elias se juntam no ódio a Sofus. Rude e cruel desde a morte de sua mãe, Christian passa por uma fase agressiva, enquanto seu pai Claus, devastado, não consegue lidar com seu comportamento. A partir da amizade conturbada dos dois garotos, as duas famílias criam um vínculo. Anton diariamente lida com pessoas que são vítimas da violência devido a grande pobreza que os rodeia na África, as mulheres e crianças são as que mais sofrem, o líder, Big Man, não poupa nem as grávidas. Seu filho Elias, que também é vítima de violência, apanha de um garoto maior na escola e volta para casa com os pneus da bicicleta furados, prefere omitir, já que a situação em sua casa não é das melhores, seu pai e sua mãe estão prestes a se divorciar. Quando Christian entra na vida de Elias as coisas começam a tomar um outro rumo, ele não se conforma em ter perdido a mãe e culpa seu pai, Claus não sabe o que fazer para amenizar o rancor que seu filho sente. Christian vendo que Elias não faz nada contra Sofus, vai e se vinga pelo amigo, ele bate tanto no garoto que o deixa quase cego.
Christian carrega um semblante fechado, está constantemente revoltado e distante dos outros. É um garoto que no fundo necessita de afeto, e que principalmente precisa descobrir que nem sempre a violência resolve, porém em certas ocasiões ela é necessária e o filme exemplifica isso na figura de Anton, ao ter que enfrentar Big Man, que invade o campo de refugiados procurando ajuda médica.
Os filmes de Susanne Bier são dramas intensos, é impossível não sentir a dor dos personagens, afinal as situações retratadas acontecem conosco. A violência está incutida no ser humano, e por bem pouco ela é despertada, no que se revela em algo grandioso e pode atingir outros que nada tem a ver.
O pensamento olho por olho, dente por dente dá certo para Christian, ele consegue intimidar Sofus e este não perturba mais Elias, isso se intensifica na sua cabeça e tudo para ele se resume a essa ideia. Um dia acontece algo muito trivial, o filho mais novo de Anton se envolve em uma briga no parquinho com outra criança, Anton imediatamente separa os dois e pergunta o que está acontecendo, nisso o pai do outro menino aparece e nervoso o insulta e diz para tirar as mãos de seu filho, não adianta conversar ou explicar que estava separando uma briga, Anton acaba levando um tapa na cara. É algo muito banal para ficar remoendo e o pai de Elias diz que o homem é estúpido e não conhece nada além daquele mundo que o rodeia, a ignorância. Seus filhos o escutam, mas Christian não absorve suas palavras e não se conforma que o pai de seu amigo queira esquecer tal episódio, então o garoto vai em busca de informações sobre o homem para que Anton o ensine de uma vez por todas que o que aconteceu não se faz. Mas o pior acontece, enquanto Anton tenta conversar, o outro homem apenas o xinga e bate em sua cara por mais de duas vezes. Para Christian isso é uma humilhação, pois ele pensa que para se ganhar respeito é preciso agir com violência. Mais tarde, ele começa a arquitetar um plano envolvendo bombas para vingar o pai de seu amigo. Elias de início não concorda, mas inevitavelmente segue seu amigo.
Todos os dramas explorados são consistentes e reais, por muitas vezes nos deparamos com situações que poderiam ser resolvidas à base de conversa ao invés da violência, claro, nem sempre devemos dar a outra face para que estapeiem, mas independente da escolha que fizer as consequências virão.
O filme gera discussões acerca de vários assuntos, mas não toma partido nenhum, apenas mostra que tanto um lado como outro tem os seus efeitos. O curioso dos filmes de Susanne Bier é que eles parecem convencionais em princípio, mas conforme o desenrolar percebemos que existe profundidade em suas narrativas e personagens, não ficamos imunes a eles após o término. Por essas e outras, vale a pena conferir "Em um Mundo Melhor".
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