"A Festa de Despedida" (2014) dirigido pela dupla de israelenses Tal Granit e Sharon Maymon traz um assunto polêmico, a eutanásia, e com muito bom humor nos faz refletir sobre o direito de decidir quando terminar com a própria vida.
Uma comédia de humor negro sobre a vida e a morte, e sobre saber quando dizer adeus. Um grupo de amigos numa casa de repouso em Jerusalém constrói uma espécie de dispositivo de auto-eutanásia para ajudar um amigo doente terminal a encerrar a vida com dignidade. Quando os rumores da máquina começam a se espalhar, mais e mais pessoas pedem sua ajuda, e os amigos se deparam com um dilema emocional. A eutanásia é um grande tabu para a sociedade, poucos países a permitem e a grande questão que fica é sobre a dignidade humana, afinal ninguém quer sofrer. No filme acompanhamos um doente terminal, há apenas sofrimento, os amigos sofrem de vê-lo naquele estado e a mulher dele pede que acabem logo com isso, então Yehezkel, um engenheiro aposentado constrói um dispositivo em que o próprio paciente decide o momento exato de sua partida, ele aperta um botão em que primeiro se libera um sedativo e logo uma substância letal. A ideia no início é discutida e ponderada, mas entram num consenso de que é melhor para o amigo que seja assim. O fato é que a notícia se espalha pela casa de repouso e ao invés de culpá-los surgem novos interessados.
Com uma narrativa ousada e bem humorada vemos o quão difícil é para aqueles que estão doentes e cujas expectativas são nulas, e também a dificuldade para os amigos e família em torno do doente. Refletimos muito sobre a decisão de querer morrer e a lei que não está aberta nem para pensar sobre o assunto. É um tema delicado, porém em nenhum momento se torna pesado, claro que pensamos na solidão que acompanha a velhice, nas doenças, como o Alzheimer, e a morte.
O filme passa a sua mensagem e propõe o debate, além de dar uma bela lição de amizade. Rimos de algumas situações, como a cena em que todos surgem pelados tomando vinho, também quando aparecem outros interessados na engenhoca de Yehezkel, mas o dilema moral sempre está presente no grupo, a consciência grita, mas o amor ao próximo fala mais alto. A religião é um grande empecilho para que a eutanásia seja discutida, ainda mais em um país como Israel.
Utilizando-se de um tom divertido e inteligente "A Festa de Despedida" causa empatia, os personagens são adoráveis e as cenas hilariantes. É um filme audacioso, com boas doses de compaixão e extremamente importante.
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