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sexta-feira, 2 de março de 2012

A Insustentável Leveza do Ser (The Unbearable Lightness of Being)

Na Tchecoslováquia de 1968 três personagens principais experimentam a vida e seus acasos, como pano de fundo a invasão russa, o que torna crucial o destino destas pessoas. Tomas (Daniel Day-Lewis), um jovem sedutor médico que busca apenas o prazer, alheio a qualquer envolvimento emocional. Ao encontrar Tereza (Juliette Binoche) suas convicções são colocadas em questão, por uma série de situações os dois se encontram e se envolvem, Tomas não consegue se desvencilhar da delicada Tereza como faz com as outras, diante disso ele deixa-se levar pelo peso do relacionamento amoroso, mas não consegue abandonar sua vida de aventuras sexuais, o que traz tantos questionamentos sobre a natureza do amor. Tomas tem Sabina (Lena Olin), sua amante e confidente, com ela o amor carnal se sobrepõe, justamente pela leveza que isso causa em ambos, em Sabina pela compulsão que acredita ter em trair, começar e terminar relacionamentos por conta da traição e em Tomas pela busca de algo. Há também Franz (Derek De Lint), amante de Sabina, um personagem não tão recorrente no filme e pouco explorado, tem apenas a decisão de deixar a mulher para ficar com Sabina, e quando o faz, ela o abandona. 

As ideias acabam se perdendo um pouco, e não dá pra colocar toda a densidade que o livro tem para um filme. Não tem como comparar a obra de Kundera com a história que Kaufman nos traz, são distintas, apesar de ser a mesma. Há muito mais filosofia no livro, ele possui uma força de reflexão que somos capazes de ler e reler muitas vezes e sempre com mais afinco do que antes, é preciso ler para assistir, para ter a compreensão exata e mergulhar nessas camadas de vida. Sou apaixonada pelo livro, está entre os melhores que li, e gostei muito do filme, tem uma fotografia bonita e uma trilha sonora incrível, merece ter o reconhecimento de um bom trabalho feito. 

Uma história sedutora envolvendo questões políticas, os personagens são bem construídos e tem uma ótima química entre eles, cada um com suas peculiaridades nos mostra em visões diferentes o aspecto de não liberdade que a época traz, tudo é colocado de maneira muito delicada. É muito difícil colocar em palavras o que principalmente o livro causa, é uma torrente de ideias e sensações. Na vida não temos uma segunda chance, não temos como voltar no passado e ver quais decisões estavam certas ou não, a vida acontece apenas uma vez e tem que ser vivida para saber, não tem como prever o que nos irá acontecer após uma escolha feita.
Tudo que se escolhe apenas pela leveza que nos causa acaba acarretando um fardo mais tarde. Há muito o que se pensar sobre essa história.

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