"Homens, Mulheres e Filhos" (2014) dirigido por Jason Reitman (Juno - 2007) é um filme que aborda um tema atualíssimo, a tecnologia e o como ela tem moldado as nossas vidas. Hoje em dia é normal andar pelas ruas e se deparar com pessoas de qualquer idade com a cara grudada na tela de seu celular, tablet, ou ainda tirando fotos de si mesmo para postar em redes sociais, essa visão é comum, porém há uma infinidades de questões envolvidas e que merecem ser discutidas. Que a tecnologia facilita uma porção de coisas, disso não há dúvidas, mas também estraga de certa forma, ficamos acostumados, solitários e ainda mais dependentes e insatisfeitos.
O longa retrata situações que acontecem aos montes e todos os dias, adolescentes com conceitos distorcidos sobre si, a exibição e a busca pelo status perfeito para ter o máximo de curtidas, o enclausuramento, a depressão, e o como os pais lidam com essa coisa incontrolável que cerca a vida de seus filhos e as suas próprias. O filme não se aprofunda por ser um assunto muito amplo, mas algumas histórias se sobressaem mais que outras e por isso já vale ser visto, para elucidar o que estamos fazendo conosco, afinal tudo depende de como usamos essa tecnologia que faz parte de nossas vidas.
A história se concentra em um grupo de adolescentes e de seus pais. Conforme cada personagem e relacionamento são testados, fica claro a variedade de caminhos que as pessoas escolhem - alguns trágicos, outros cheios de esperança - e que ninguém está imune a enorme mudança social que vem através de telefones, tablets e computadores.
O longa é inspirado no livro de Chad Kultgen e se inicia com uma narrativa do texto "Pálido Ponto Azul", de Carl Sagan na voz de Emma Thompson. Na trama temos Don Truby, um Adam Sandler melancólico, pois cansado da vida de casado acaba descobrindo o mundo erótico da internet vasculhando o histórico de seu filho, que é viciado em pornografia e que não consegue ter ereção de outro modo. Helen (Rosemarie DeWitt), a esposa de Don, cansada do tedioso casamento também passeia por sites com serviços de acompanhantes.
Tim Mooney (Ansel Elgort) é um adolescente que decide largar o futebol na escola para frustração de seu pai (Dean Norris) e colegas. Depois que sua mãe abandonou o lar se infiltrou no mundo dos games online, onde desabafa sobre suas angústias. A única pessoa com quem mantém um contato real é Brandy Beltmeyer (Kaitlyn Dever), uma menina retraída que tem uma mãe (Jennifer Garner) neurótica que controla obsessivamente a internet, chegando a decidir o que a filha vê ou não. Mostrando o lado da liberdade excessiva há Donna Clint (Judy Greer), uma atriz fracassada que deseja satisfazer seu sonho pela filha Hannah (Olivia Crocicchia), ela posta fotos sensuais em um blog para ganhar dinheiro, o que gera valores distorcidos em Hannah. Outra personagem com valores distorcidos é a adolescente Allison Doss (Elena Kampouris), que segue um regime de um site por se achar gorda mesmo sendo um palito. Interessante também a abordagem sobre a sexualidade dos personagens relacionado à internet, o sexo é a maior busca dos internautas.
Todos os personagens estão conectados com o mundo virtual, criam expectativas, se iludem e se esquecem do mundo a sua volta. Não sabem se relacionar, não sabem dialogar e resolver problemas. Com um roteiro simples, Reitman consegue colocar em pauta muitas questões, nos faz refletir no quanto estamos mergulhados nessa tecnologia que subestima o valor da realidade.
O tema não se aprofunda por colocar várias histórias em evidência, algumas não são desenvolvidas mas servem para pensar no como estamos nos relacionando na vida real. Tem coisa mais chata do que sair com um amigo e ele ficar no Whatsapp o tempo todo, ficar tirando fotos da comida, da bebida e postar uma tal felicidade? Ele não percebe o quanto perdeu da companhia do amigo, do local em que estava e do que realmente se passava a sua volta. Será que foi tão divertido assim? O modo como as pessoas usam isso se faz prejudicial, pois é instantâneo e efêmero, o que torna tudo tão triste e desesperador. Claro, há o lado bom, sempre há! Mas estão se formando hábitos dos quais estão se tornando valores.
Não há mal nenhum em navegar pelas redes sociais, postar algo interessante, compartilhar, só que deve-se prestar atenção no que está fazendo, não se tornar um robozinho e consumir lixo eletrônico, cada vez menos as pessoas leem, o impacto da imagem é o que conta, sem falar dos vídeos escrotos que poluem, mas dá para fazer amigos virtuais, trocar ideias e levar isto adiante, mas lembre-se ninguém na vida real tem um milhão de amigos. É necessário dosar, saber parar e desligar.
"Homens, Mulheres e Filhos" diz mais sobre o universo do adolescente, sua sexualidade e o como os pais lidam com tudo isso. São situações que se passam do nosso lado ou conosco. Sem dúvidas merece uma olhada para repensar nas atitudes que tomamos em relação ao mundo virtual. É um filme que dá pra tecer uma série de pensamentos!
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