"In the Flesh" do canal britânico BBC3 retornou com uma segunda temporada de seis episódios. A primeira foi considerada uma minissérie e teve apenas três, mas com tantos comentários positivos a série voltou e não decepcionou, é algo bem diferente no que diz respeito ao tema zumbi. Na verdade, é um drama envolvendo uma baita crítica social.
A premissa é essa: Situada num futuro pós-apocalíptico onde os humanos sobrevivem a um apocalipse zumbi, essas criaturas foram eliminadas ou capturadas pela "Human Volunteer Force" e receberam uma espécie de tratamento para que se reintegrem à sociedade novamente, usando lentes de contato e maquiagem as vítimas da "Síndrome do Falecimento Parcial" retornam para suas antigas vidas tendo que lidar com diversos tipos de preconceito.
Já na segunda temporada Kieran, o protagonista, ainda resiste em lidar consigo mesmo, não se olha no espelho e vive sob um teto em que reina a hipocrisia, os pais quase sempre sentados à mesa fingem que nada aconteceu e fazem comentários ridículos, a sua irmã, Jem, com certeza é a personagem mais irritante, ela é muito confusa, pois nutre uma revolta por Kieran ter se matado, o trauma registrado lá no início da série também a perturba bastante. Jem, assim como Gary continuam caçando os hidrófobos.
Tudo que Kieran quer é ir embora de Roarton e recomeçar longe de tudo, porém surge Amy, cativante e doidinha como na temporada anterior, só que retorna com o "profeta" Simon, que aos poucos vai exteriorizando seus ideais, como por exemplo, o não uso da maquiagem. Ele é um tanto quanto sedutor e não demora para que Kieran se envolva, mas há muito mais, existem interesses pessoais, como é o caso de Maxine, membro do parlamento da cidade, esta chega dando ordens com um programa fingido de reinserção para portadores da síndrome, claro, tudo isso para segregar ainda mais.
O personagem Philip é outro grande ponto da série, a paixão que sente por Amy e toda a sua readaptação, foi preciso muito para ele poder dar vazão aos seus sentimentos e ir de encontro a sua amada, muito bom o seu desenvolvimento. Toda a sua redescoberta e recomeço é uma das coisas mais legais da série. Não darei spoilers, mas claramente a série metaforiza sobre o renascer, por exemplo, quando Kieran se olha no espelho e se aceita na forma que está, e lá pelo final da temporada numa das cenas mais impressionantes ele resiste ao efeito da pílula do esquecimento, e seu pai, um dos personagens mais hipócritas, dá sinais de compreensão.
"In the Flesh" é uma das séries mais originais, existencialista ela aborda a essência do que é estar vivo ou morto. Se as pessoas se aceitassem como são, tudo seria mais simples, e por conseguinte a grama do vizinho não pareceria tão mais verde. A personagem Amy é o maior exemplo de espontaneidade em ser o que se é. A máscara social que usamos para sermos aceitos e para que não sintamos que estamos sozinhos neste mundo, é a pior das coisas, afinal não serve de nada, é uma mentira que todos os dias levamos adiante. Será tão difícil se aceitar? Quando Kieran decidiu retirar a sua maquiagem o achei muito mais bonito, e é assim que deveríamos nos sentir diante ao eu verdadeiro das pessoas.
"In the Flesh" é uma série inovadora, tem um roteiro muito eficiente, personagens extremamente interessantes, trilha sonora impecável e um clima não convencional. Para quem gosta de séries com temporadas curtas, mas bem desenvolvidas é uma dica e tanto, além de entreter nos faz refletir sobre comportamentos sociais, vida e morte.
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