Dirigido por César Charlone e Enrique Fernández, "O Banheiro do Papa" (2007) é baseado em acontecimentos reais. Em maio de 1988, o Papa João Paulo II visita o Uruguai e a cidade de Melo, próxima a fronteira com o Brasil. O povo espera a visita de milhares de pessoas e decidem aproveitar para ganhar dinheiro, montando barracas de linguiça, chouriço, algodão, doce, torta frita, balões, etc. Beto, o personagem central é um contrabandista, viaja todos os dias com sua inseparável bicicleta ao Brasil a fim de comprar encomendas para as vendas e mercadinhos de sua cidade. Na esperança de conseguir algum dinheiro tem a brilhante ideia de construir um banheiro no quintal de sua casa, porque acredita piamente que virá muitas pessoas à cidade ver o Papa, e consumindo, com certeza terão vontade de ir ao banheiro.
Beto é o retrato de um homem trabalhador, que luta pelo sustento de sua família, a esperança salta de seus olhos. O filme cativa pela sua simplicidade, os personagens são reais. Não se trata de religião neste longa, a chegada do Papa é apenas um pano de fundo para mostrar os conflitos dos personagens, os percalços e toda a trajetória por uma vida melhor. O que acontece é o seguinte: O Papa vem à cidade, porém os visitantes não! A maioria são habitantes do Uruguai, e ninguém comprou nada, o banheiro de Beto ficou esperando seus visitantes. Um ponto a ser destacado deste filme é que faltava a privada do banheiro, e Beto literalmente correu para conseguir que desse tempo antes que as pessoas pudessem querer usá-lo, esse é o momento mais emocionante, ver aquele homem cansado fisicamente e psicologicamente de uma vida pobre e modesta. Os moradores sofreram muito com isso, sobraram comidas, bebidas e foram desperdiçadas ou doadas, foi uma tremenda falta de sorte, como avisa os créditos inciais. Uma calamidade econômica. A mídia contribuiu imensamente para esse desastre, dizendo que milhares de brasileiros visitariam a cidade de Melo, isso mostra o quão sensacionalista e mentirosa são os meios de comunicação.
Sonhos foram criados por conta disso, a filha de Beto tinha o desejo de se tornar radialista e com certeza o dinheiro iria ajudá-la. Tudo foi por água abaixo. "O Banheiro do Papa" se mostra um filme humanista, o Papa foi, falou algumas palavras, abençoou o local e se mandou, o povo percebeu que ele não pode fazer nada, quem faz são eles mesmos, todos os dias tentando melhorar suas vidas. O grande evento era uma oportunidade, em desespero ou pura ignorância, o povo se endividou ao invés de lucrar, mas o olhar otimista persiste e nos mostra que ideias sempre surgem, e a esperança está entranhada no ser humano, principalmente nos mais simples.
"O Banheiro do Papa" é um filme triste e feliz, que nos conta uma história simpática sobre um povo pobre que busca melhorar de vida como qualquer outro, acho que qualquer um veria a visita do Papa como um meio de ganhar dinheiro, mas quem adivinharia que não iria aparecer a quantidade de pessoas dita pela mídia? Por isso é que não se deve acreditar em tudo que aparece na televisão.
Um filme criativo que esbanja esperança, esperança de um cinema maravilhoso bem pertinho de nós. E Beto não se deu tão mal, ficou com um banheiro novinho!
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