"Paraíso: Amor" (2012) é o primeiro filme da trilogia "Paraíso" de Ulrich Seidl, que traça o retrato de três mulheres, de três férias e de três narrativas sobre a vontade visceral de felicidade. Este conta a história de mulheres brancas europeias na faixa dos 50 anos que passam férias no Quênia, onde conhecem os chamados "Beach Boys", homens jovens que viram seus amantes. Quem explora e quem é explorado na indústria do turismo sexual é a questão principal do filme. Um retrato forte e inquietante sobre a solidão feminina e o desequilíbrio econômico na África. Teresa, é uma dessas mulheres que em busca do amor vai passar férias nesse paraíso exótico. Lá as europeias são chamadas de "sugar mamas", pois graças as quais, contra um pouco de amor, os jovens africanos asseguram a sua subsistência. "Paraíso: Amor" conta a história das mulheres envelhecidas e dos homens jovens, da Europa e de África, e dos explorados que se tornam exploradores.
Teresa deixa sua filha adolescente aos cuidados de sua irmã e vai passar férias no Quênia. Sua principal motivação é encontrar o amor em meio aqueles jovens que fazem de tudo para vender souvenirs, porém, Teresa acaba encontrando apenas sexo. Em dado momento acreditando que o rapaz com quem está saindo gosta dela, sente-se satisfeita consigo mesma, só que mais tarde vemos que ele queria seu dinheiro, pois sua situação é péssima. Claro, uma senhora branca europeia e sozinha na praia, na certa tem grana e esses rapazes aproveitam a chance para arrancar o máximo possível através do sexo fácil. De paraíso não há nada, é triste ver esta mulher em busca de satisfação. Teresa procura afeição, a cena em que ela ensina o africano acariciar seus seios diz muito sobre sua personalidade frágil. Teresa está procurando amor no lugar errado, há ali um conflito de interesses, enquanto ela busca amantes, esses homens apenas enxergam perspectivas para melhorar de vida. Diante disto, quem explora ou é explorado?
Nesse lugar paradisíaco criou-se uma espécie de turismo sexual, várias mulheres na faixa de idade de Teresa vão lá em busca de sexo, mas há algo diferente nela, que é o desejo de ter amor, por isso suas tentativas são completamente frustradas. Os contrastes apresentados demonstram uma imensa carência afetiva e uma patente solidão. Quando os jovens negros saem com ela a fim de explorá-la, o sentimento gerado é de confusão, pois quem está certo? Esses jovens também são carentes, mas de estrutura em relação à vida, portanto veem nesta mulher um meio de ganhar dinheiro fácil, e ela por sua vez, se afunda numa tristeza absoluta.
Na busca pelo amor Teresa se decepciona, os rapazes são automáticos em seus movimentos. A primeira vez em que ela sai e vai para o quarto com um deles, nega e chega a se desesperar, a pegam como se fosse um animal. Tudo o que ela precisa é de um toque mais carinhoso e ser olhada nos olhos, sexo por sexo só gera a ilusão de satisfação.
Ulrich Seidl tem uma maneira própria de abordar o universo feminino, a solidão e a busca pela felicidade é o que move as mulheres de sua trilogia.
"Paraíso: Fé" (2012), talvez seja o mais forte e crítico, "Paraíso: Amor" contém bastante nudez, mas ela não vista sob o ângulo do prazer, e "Paraíso: Esperança" (2013), conta a história da filha de Teresa, uma menina de 13 anos que é mandada para passar férias em um acampamento para gordinhas, lá acaba se apaixonando pelo médico 40 anos mais velho. A trilogia pode ser vista aleatoriamente, todos discutem a realidade de forma cru, não há floreios e a câmera quase sempre estática enfatiza vários sentimentos desconfortáveis.
"Paraíso: Amor" é delicado na abordagem, mas bastante dolorido. É um filme imensamente real e decadente.
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