Páginas

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Quatro Minutos (Vier Minuten)

Traude Krüger (Monica Bleibtreu) trabalha há anos como professora de piano em uma penitenciária. Ao reconhecer o talento musical de Jenny (Hannah Herzsprung), uma jovem violenta e indisciplinada, presa e condenada por assassinato, resolve se tornar sua tutora e inscrevê-la num concurso de piano. A relação das duas se desenvolve quando a professora de piano também se revela autoritária e intransigente, possuindo interesses pessoais na vitória de Jenny no concurso. Jenny é uma mulher cuja vida acabou. Presa por assassinato em uma penitenciária feminina, ela não demonstra qualquer remorso. Mas por trás de sua fachada impenetrável, esconde-se um surpreendente talento musical.
Drama de superação é um grande problema, por mais lindo que seja sempre acaba caindo em clichês e melodramas, mas o diferencial de "Quatro Minutos" é a trajetória das personagens, o pessoal de cada uma, tanto da professora presa em si mesma pelos anos em que sofreu por conta do nazismo, e Jenny que aos poucos vai deixando seu interior calejado dar lugar a um talento imensurável, que explode justamente na última cena, cujo título exemplifica, são quatro minutos de redenção e libertação.
O drama alemão dirigido por Chris Kraus ganhou inúmeros prêmios, mas mesmo assim não se tornou comercial, foi uma enorme surpresa e um prazer conhecê-lo, é emocionante e capaz de nos arrancar lágrimas e sorrisos ao mesmo tempo. Jenny e Traude são pessoas frias, sofridas, uma totalmente reclusa, a outra explosiva e violenta. Com o desenrolar percebemos que as duas na verdade não são tão diferentes assim.
O conflito do novo e velho aparece na forma de música, Traude ensina Schumann, bem tradicional, por sua vez Jenny toca "música de negros", segundo a rígida professora.
Ao longo do filme entendemos o porquê Traude é tão endurecida, esse aspecto é visível em seu rosto e na sua postura corporal, o passado e a culpa a atormenta. Jenny sempre teve muito talento musical, mas foi muito pressionada pelo pai, seu caminho tornou-se incerto e ao final restou-lhe a prisão.

O concurso que dá a Jenny um novo rumo acaba por não ser tão fácil assim, as outras presas invejam a detenta pianista, e junto com o carcereiro que um dia Jenny agrediu tentam boicotar queimando sua mão enquanto dorme. Para Jenny conseguir se apresentar Traude é capaz de muitas coisas, inclusive ajudá-la a fugir da prisão. E então, eis que surge o grand finale repleto de significados.
Geralmente filmes que abordam o tema música e que envolvem concertos têm finais extasiantes, só que em "Quatro Minutos" é muito mais que uma apresentação rica musicalmente, ele abrange todo o sentimento que ficou incubado na personagem, é uma explosão de si mesma, de gritar através de sua música seus conflitos e todo o seu talento. Isso acontece também a Traude que reluta ao assisti-la por sua descompostura diante a platéia, mas ela acaba a entendendo e sente orgulho finalmente, e Jenny em sua reverência final demonstra que a respeita também.

As atuações são impecáveis, de uma densidade incrível, tanto Jenny com toda sua violência, e Traude com a sua rigidez. Muitas críticas afirmaram que o longa vale mesmo só pelos quatro minutos finais, discordo totalmente, a cena final não teria tanta força se não fosse pelo desenvolvimento de suas personagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SE FOR COMENTAR, LEIA ANTES!

NÃO ACEITO APENAS DIVULGAÇÃO.