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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Marina - Carlos Ruiz Zafón

"O tempo faz com o corpo o que a estupidez faz com a alma: Apodrece."

Na Barcelona dos 80, o menino Oscar Drai, um solitário aluno de internato, conhece Marina, uma jovem misteriosa que vive num casarão com o pai idoso. Em passeios pela cidade, os dois presenciam uma cena estranha num cemitério e se envolvem na resolução de um mistério que remonta aos anos 40. Numa tentativa inútil de escapar da própria memória, Óscar abandona sua cidade. Acreditava que, colocando-se a uma distância segura, as vozes do passado se calariam. Quinze anos mais tarde, ele regressa à cidade para exorcizar seus fantasmas e enfrentar suas lembranças - a macabra aventura que marcou sua juventude e também o terror e a loucura que cercaram a sua história de amor.
A literatura de Zafón é repleta de mistérios e obscuridades, "Marina" tem uma aura gótica, podemos passear pelas ruas da Barcelona antiga em meio à chuva e vislumbrar arquiteturas antiquadas, e é num velho casarão que Óscar decide se aventurar, impressionado por uma bela voz vinda de um gramofone entra na casa e se depara com vários objetos, e um deles é um relógio de bolso quebrado, de repente aparece alguém, se assusta e sai correndo. Ao chegar ao internato percebe que está com o relógio no bolso, e então resolve devolvê-lo no dia seguinte. No caminho conhece Marina, filha de Germán a quem pertence o relógio quebrado, daí por diante uma bela amizade acontece. Num outro dia Marina leva Óscar a um cemitério, onde uma mulher coberta por um manto negro visita uma sepultura sem nome, sempre a mesma data, a mesma hora. Curiosos passam a tentar desvendar o mistério que ronda a mulher, passando por palacetes e estufas abandonadas, lutando contra marionetes vivos e se defrontando com o mesmo símbolo - uma mariposa negra - diversas vezes, nas mais aventurosas situações por entre os cantos remotos de Barcelona.
A história é sob a ótica de Óscar, um menino solitário que se apaixona por Marina e tudo o que a envolve, passando a conviver dia e noite com a falta de eletricidade no casarão, o amigável e doente pai da garota, Germán, o gato Kafka, e a coleção de pinturas espectrais da sala de retratos. Em "Marina", o leitor é tragado para dentro de uma investigação cheia de mistérios, conhecendo a cada capítulo novas pistas e personagens de uma intricada história sobre um imigrante de Praga que fez fama e fortuna em Barcelona e teve com sua bela esposa um fim trágico. Ou pelo menos é o que todos imaginam que tenha acontecido, a não ser por Óscar e Marina, que vão correr em busca da verdade - antes de saber que é a mulher que vai ao encontro deles. Essa estranha faz com que desenterrem o curioso caso do cientista Mijail Kolvenik.

Óscar é um personagem cativante, quem leu "A Sombra do Vento" com certeza o assimilará a Daniel Sempere, mas para deixar claro "Marina" veio antes, é o quarto livro de Zafón, porém chegou depois devido ao grande sucesso de "A Sombra do Vento". E segundo o próprio autor "Marina" é uma leitura que agrada tanto aos mais novos, como também os adultos. Com 189 páginas é de fácil absorção e muito intrigante, já que seus mistérios se misturam a personagens interessantes e sombrios. Óscar e Marina tentam decifrar o mistério da mulher de negro, e por conta disso se aventuram em situações surreais.
O universo de Zafón é bem particular e muito encantador, abrange a fantasia, o romance, o suspense, ele perpassa por vários gêneros e mesmo assim nenhum o define. Sua escrita é linda, nos deixa apreensivos, aterrorizados e deslumbrados. Esse é o tipo de literatura atual que vale a pena, entretém, mas sempre ficará em um lugar especial de nossa memória.

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