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quinta-feira, 11 de abril de 2013

La Guerre des Boutons + La Nouvelle Guerre des Boutons

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O livro "A Guerra dos Botões" foi escrito pelo francês Louis Pergaud em 1912, e teve várias adaptações para o cinema. Em todas, a base da história é a mesma: dois grupos de crianças arrancam botões dos meninos rivais para marcar vitórias em suas batalhas. Para os perdedores, resta a vergonha de voltar para casa com as calças caídas e as camisas abertas, enquanto os vencedores colecionam os pequenos troféus. Os dois filmes lançados no mesmo ano é por conta do aniversário desta obra clássica francesa tão adorada, e por ter entrado em domínio público. Existem outras versões, "A Guerra dos Botões", de 1936 por Jacques Daroy, de 1962 por Yves Robert, de 1994 por John Roberts, e essas duas versões de 2011, além de séries e afins, mas a essência é sempre a mesma.
A versão do diretor Yann Samuell se passa na década de 1960, quando os franceses lutavam na Argélia, tempo de lutas por liberdade de gênero e de classe, ambas inseridas com lirismo na história. Sua ambientação tem um certo simbolismo sobre o papel do indivíduo na cadeia social e sobre como esse mesmo indivíduo pode colocar tudo a perder com confrontos tolos. Mas no jeito meio conto de fadas que Samuell parece buscar, essa discussão é inserida sem exageros, com uma clara preocupação em ser compreendida pelo público infanto-juvenil. Nesta versão o aspecto político é deixado mais de lado, o foco está nas aventuras, na inocência daquelas crianças. O roteiro leva-nos a tomar partido dos aldeões de Longeverne, onde o líder Lebrac mora com duas irmãzinhas e a mãe viúva. Trabalhando na fazenda para sustentar a família, o jovem Lebrac desperta a admiração e lealdade de todos os meninos da vila. Embora não queiram a participação de garotas, elas estão de olho em tudo o que acontece, principalmente a personagem Lanterne, que ajuda os meninos em suas batalhas.

A crítica à guerra neste é posta de lado, a visão inocente das crianças é encantadora, dotada de delicadeza. Os personagens são maravilhosos, todos com suas características e é bem interessante notar as diferenças entre as versões, sobretudo, o personagem Lebrac, neste apesar de mais infantilizado tem mais responsabilidades e o contraste de não saber se é criança ou adulto. Ele precisa ser o "homem da casa", já que nesta versão ele não tem pai, tem duas irmãzinhas e uma mãe muito rígida. Não tem tempo para estudar mesmo tendo desejo, ainda por cima é o líder do grupo da sua aldeia, e há também a decisão de aceitar uma menina dentro da guerra que estão travando. O único adulto a ser mostrado é o professor, que por vezes parece ser mais infantil que as crianças, ao brigar com o pai de um aluno. A inocência em meio ao caos, as aventuras e as descobertas, isso é o que molda esta versão de "A Guerra dos Botões".

A versão de Christofhe Barratier é romanceada e remete mais a guerra e suas consequências, além de abordar as aventuras dos Longeverne e Velrans. Esse filme é a prova de que uma ideia pode ser repetida inúmeras vezes sem cair na mesmice.
É simples, a guerra acontece porque conceitos se destoam uns dos outros, os grupos dos meninos são diferentes, educação, formação, etc. Os personagens são todos característicos, o Lebrac deste é maior, mas tem um pai do qual sempre enfrenta e apanha, está na fase das escolhas, da transição, é aí que entra Violette, que esconde sua identidade verdadeira por ser judia. O filme gira em torno desta relação de amizade e amor que cresce entre eles e as aventuras das crianças que articulam uma guerra com a aldeia vizinha.
Este tem um teor mais adulto, a personagem Violette aproxima-nos do quão cruel era aquele período, passando-se por sobrinha de uma dona de loja da qual na verdade era apenas uma amida da mãe da menina, ela acaba indo estudar no mesmo colégio de Lebrac. Muitos conflitos se dão depois que ela conta que é judia a Lebrac. Há também a ponta de um romance entre o professor e a mulher que protege Violette. Tem cenas engraçadíssimas que envolve o pequeno Gibus, principalmente logo no início quando se esconde na casa de um rival e acaba saindo de lá bêbado.
Tirar os botões dos inimigos significava que quando chegassem em casa apanhariam dos pais, além de passar vergonha de ter que ir andando até em casa com as calças caindo. Outra cena muito bonita é quando o pequeno Gibus lê a carta de seu pai que está na guerra. É a inocência de uma criança tendo que lidar com a monstruosidade de uma guerra, que a todo momento tirava a vida de pais de família.

A repetição não é inútil, cada uma tem as suas qualidades, mesmo que a primeira seja mais fiel ao espírito do livro, a segunda versão por ser em grande parte mais adulta acaba envolvendo o espectador. É difícil decidir quais dos Lebrac é o melhor, os dois tem a pureza da infância contrastando com as responsabilidades cada vez mais crescentes.
"A Guerra dos Botões" é um clássico francês muito amado e que merece ser lido por todas as crianças, assim como os filmes em que todas as versões são ótimas e ficam marcadas na nossa memória.

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