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sexta-feira, 22 de março de 2013

Na Escuridão / In Darkness / W Ciemności

Há diversos filmes sobre o holocausto, o tema é incansavelmente e amplamente retratado, mas é nas histórias individuais que se têm os melhores relatos. "Na Escuridão" (2011) é um olhar interessante sobre um grupo de judeus que foram ajudados por um trabalhador, que poderia optar em denunciá-los, já que isto era um meio de ganhar dinheiro, mas ele foi humano e conseguiu salvar muitas vidas nesse período atroz que foi a II Segunda Guerra.
O longa dirigido por Agnieszka Holland é baseado na história real do "goy" Leopold Socha, um "trabalhador dos esgotos" que, durante a ocupação nazista na Polônia, usou seu conhecimento da rede de esgoto da cidade para refugiar um grupo de judeus que escapou do extermínio no gueto de Lemberg. O que primeiramente se iniciou como uma barganha comercial, terminou como um elo de amizade e proteção inquebrável, com Socha arriscando sua vida e de sua família para proteger "seus judeus". Socha, um trabalhador de esgoto e ladrão em Lvov, cidade ocupada pelos nazistas na Polônia, um dia encontra um grupo de judeus que tentavam escapar da exterminação do gueto. Ele os esconde por dinheiro no labirinto de esgotos da cidade. O que começa como um acordo direto e cínico se transforma em algo muito inesperado. A improvável aliança entre Socha e os judeus se torna uma relação que se infiltra mais profundamente na consciência de Socha. O filme é também uma extraordinária história de sobrevivência de como estes homens, mulheres e crianças tentaram enganar a morte certa durante 14 meses de perigo intenso.
O cenário é escuro e claustrofóbico, o ambiente acaba se tornando o lar dessas pessoas, que são caçadas dia após dia, Socha com muito empenho os conduz para outros lugares daquele labirinto putrefato, ele também leva alimento, roupas e conforme convive com eles vê o quão cruel e inumano é a situação que se submetem em razão da sobrevivência. As crianças sofrem por não ver a luz do dia, quando sobem para a claridade, já não conseguem enxergar, é preciso alguns minutos para a vista se acostumar, e quando conseguem já é o momento de descer.
Socha não era judeu, mas sim um trabalhador pobre que tentava conseguir o máximo de dinheiro pra sustentar sua mulher, que por sinal era muito solidária também, e sua inocente filha, que chega a pôr em perigo seu segredo. De início a descoberta dos judeus lhe rendia uma boa quantidade de dinheiro, ele recebia uma quantia por dia para que ficassem escondidos, mas ao perceber a crueldade, seu lado humano aparece e ele os ajuda por pura bondade. É difícil imaginar que por uma bobagem idealista e política as pessoas eram torturadas e mortas.

É um filme triste, mas feliz pelo final em que Socha orgulhoso consegue salvar dez dos vinte judeus que lá estavam, tudo graças a sua boa vontade em meio a guerra. Ele fez justiça em meio ao caos.
Ao mesmo tempo que o filme retrata a frieza, a crueldade e a podridão dos esgotos, a humanidade aparece aos pouquinhos. Quantas e quantas pessoas não foram pegas por terem ajudado os judeus? Este felizmente é um relato positivo. Quando os judeus saíram dos esgotos, Socha não parava de gritar todo feliz: "Esses são os meus judeus."
Socha é o verdadeiro herói, humano, que deixou suas ambições de lado para ajudar o próximo, a cena que ele deixa a primeira comunhão da filha para ir trocar os judeus de lugar porque estava chovendo muito, pois tinha medo que morressem afogados, é uma das cenas mais bonitas.
Como já dito é um olhar particular sobre um dos inúmeros fatos monstruosos que permearam esta guerra. É um filme bem feito e repleto de detalhes.
Socha morreu atropelado anos depois, disseram ser castigo de Deus por ter ajudado judeus. "Como se precisássemos de Deus para punir uns aos outros."

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