"Lena" (2011) é uma história crua e fria, podemos perceber isto pela protagonista, seus olhares sempre vagos mesmo diante a uma aparente felicidade. O filme se faz pela atuação e não pela trama em si.
Lena (Emma Levie) é uma adolescente gordinha e solitária que vive de maneira simples com a mãe divorciada e motorista de ônibus. A mãe se acha uma derrotada e se afunda na bebida, quando a frustração é mais forte ela transfere para Lena, lhe agredindo de uma forma verbalmente violenta. Quando não está em casa cuidando da bagunça da mãe, Lena divide seu tempo entre a escola, um grupo de dança country e o estágio em uma creche. Ela também se entrega ao sexo casual como fuga de si mesma.
O filme se inicia exatamente com uma cena que Lena faz sexo em um canto qualquer, vemos a ausência em seu olhar desde o primeiro minuto do longa. Sua vida muda quando conhece Daan (Niels Gomperts) um rapaz bonito, despreocupado, que vive com o pai viúvo, um homem que parece nem existir na casa. A maneira como eles se conhecem é estranha, Daan está correndo desesperado, fugindo de algo e Lena lhe dá carona de moto. O moço diferente das outras pessoas do convívio de Lena a trata de forma natural e carinhosa, logo eles se envolvem e começam a namorar. Do dia pra noite ela já vai morar na casa do rapaz, com o propósito de fugir de sua mãe. De início o relacionamento é maravilhoso, mas com o tempo Lena descobre que Daan mentiu sobre as coisas que andava dando de presente para ela. O ponto crucial é quando a polícia bate na porta da casa, assim ela decide terminar e voltar para sua mãe, mas esta a recusa e Lena fica sem ter para onde ir.
O pai de Daan a encontra e a leva para casa e diz que pode ficar lá, mesmo não estando mais com seu filho. Este homem antes um zumbi, começa a viver, mas o que parecia ser apenas uma coisa paternal, se torna uma paixão quase obsessiva. Nesse período Lena decide dar mais uma chance a Daan, se ele prometer voltar a estudar e se comportar, ela não vê outra saída para si mesma a não ser aceitar os fatos, pois na casa de sua mãe não voltaria mais. As coisas se complicam quando começa a manter uma relação mais profunda com o pai de Daan, mas por pura opção dela. A situação vai ficando insustentável e sai de seu controle, desse modo acaba contando tudo a Daan, que revoltado tira satisfações com o pai, e este pede para que Lena conte como tudo aconteceu na realidade, mas ela a fim de que tudo isto termine age de forma impulsiva dando um fim trágico a situação. A atuação de Emma Levie é absolutamente fantástica, ela realiza cenas complicadíssimas e seu olhar continua impenetrável.
Lena conhecia apenas um tipo de mundo, com a influência de uma mãe louca, que transitava entre superproteção e ofensas, relacionamentos errados, uma visão de sexo casual, não tinha outra opção a não ser seguir o mesmo caminho, ela não tinha ideia do que era se envolver de verdade, o que sentia por Daan não era amor, mas sim, um meio de viver. Com o pai dele ela sentiu algo diferente e saiu fora de seu mundo, o que gerou o descontrole e a fez reagir de forma instintiva.
Como Lena estava habituada a seu modo de viver não conseguiria comandar um relacionamento sério, e mesmo que pareça o inferno na terra ela preferia voltar a sua vida da qual já estava familiarizada, uma espécie de porto seguro, por esse motivo a vemos como uma moça doce, embora com um imenso vazio dentro de si.
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