"Norwegian Wood" é baseado no aclamado livro homônimo japonês de Haruki Murakami, título que leva o nome de uma canção dos Beatles. O livro é denso e provoca uma grande pressão psicológica, e não é à toa que se tornou um best-seller grandioso e ícone cultural. O filme é do diretor vietnamita Tran Anh Hung, que foi super elogiado por ser bastante fiel ao livro, principalmente por manter o tom melancólico e triste. E também por retratar tão bem o Japão do final dos anos 60 e começo da década de 70.
Em 1968, Toru Watanabe acaba de chegar a Tóquio para estudar teatro na universidade. Solitário, dedica seu tempo a identificar e refletir sobre as peculiaridades de seus colegas. Um dia, Toru reencontra um rosto de seu passado: Naoko, antiga namorada de seu grande amigo da adolescência Kizuki, que cometeu suicídio. Marcados por essa tragédia em comum, os dois se aproximam e constroem uma relação delicada onde a fragilidade psicológica de Naoko se torna cada vez mais visível até culminar com sua internação em um sanatório. Depois do suicídio do amigo, Toru decide ir embora, mas Naoko reaparece, e a partir daí desencadeia-se uma paixão embalada por muita tristeza e nostalgia. Naoko se afunda numa depressão sem fim, porém Toru promete ficar ao seu lado. Internada no sanatório, ele a visita regularmente, mas sua condição só piora. Nisso ele conhece uma garota, também marcada por mortes, entretanto deseja a vida e um futuro. Toru se vê envolvido na luz que emana de Midori, a luz que faltava em sua vida.
Toru por diversas vezes silencioso somente pensa em sua vida, pensa no suicídio de seu amigo, na condição de Naoko e percebe que o que deseja para si está distante desta tristeza profunda que carrega no momento. Ele sente que mantém um forte laço com Naoko, que precisa estar com ela, protegendo-a, como se fosse uma missão deixada a ele, mas e a sua vida? Aonde é que começa?
É um filme delicado e triste, mas que evoca sentimentos bons e questionamentos que permeiam a nossa vida. A morte, o amor, a solidão e desejos. A fotografia é lindíssima e só contribui para o clima nostálgico que o longa traz. As expressões dos atores são carregadas e a câmera foca em cada detalhe.
Somos feitos de lembranças e memórias, elas acabam nos moldando. Toru cresceu influenciado pela perda do amigo, e quando reencontra Naoko parece que tudo volta, e sente necessidade de tê-la por perto e protegê-la, só que a menina fica cada vez mais envolta num véu de tristeza, não consegue encontrar forças para continuar a viver e poder conviver com os outros. Já Toru em seu íntimo mesmo tendo essa "responsabilidade" tenta enfrentar a tristeza que carrega. E ao conhecer Midori começa a refletir sobre o que realmente quer. A transição da adolescência para a vida adulta já é difícil, as responsabilidades aumentam, os desejos aparecem e certamente a confusão sobre o que quer vem à tona, e as decisões consequentemente vêm junto. Ainda mais quando acompanhadas de tragédias. Fica tudo muito difícil. A dor pode ser algo que nos eleva e nos faça progredir ao invés de nos conduzir a mais profunda escuridão. E é nessa transição que Toru se dá conta disso.
Um dos defeitos do filme é o mal desenvolvimento de alguns personagens que no livro tem grande relevância, no filme presumimos o que tal personagem representa, como a companheira de Naoko no sanatório, ela é pouco usada, há uma cena em que ela transa com Toru por alguma questão interior que não é expressada a nós, suas marcas passadas são pouco explicitadas, e por isso fica vago. Até mesmo Midori deveria ter uma atenção maior, sua jovialidade e sua vontade de viver merecia uma visão mais detalhada, mas mesmo assim o filme não perde em transmitir emoções.
A conclusão é de que sempre é idiotice querer comparar livro com o filme, pois são linguagens diferentes, cada um é um. É preciso saber aproveitar e sentir a linguagem usada em cada.
"Norwegian Wood" é um belo filme que trata da existencialidade sobre vários aspectos. É calmo e visualmente incrível!
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