O filme "Goats" baseado no livro de Mark Jude, acompanha a história de um jovem a caminho da universidade, que tem que deixar a sua estranha família para trás. No filme, Ellis (Graham Phillips), de 15 anos, parece ser o membro mais adulto de sua excêntrica família. A sua mãe (Vera Farmiga) é uma hippie que namora um malandro (Justin Kirk). O seu pai (Ty Burrell) saiu de casa anos atrás e agora tem uma nova família. E por último, mas não menos importante, o homem cabra, figura paterna de Ellis. Ele mora numa casa que fica na propriedade da mãe de Ellis, e em troca ele cuida da piscina, do jardim, e das cabras. Um homem diferente que preza a natureza e as sutilezas da vida. Mas ao mesmo tempo um homem cuja vida não tem um ritmo comum. O homem cabra planta maconha e passa o dia todo chapado. Ele adora fazer longas caminhadas com as cabras. Inclusive Ellis por várias vezes o acompanha.
O pai do garoto saiu de casa e por isso a figura paterna e toda a transição de sua vida ficou por conta do homem cabra, mas isso é exposto muito sutilmente, sem demonstrações ou qualquer diálogo. São momentos, como quando Ellis vai estudar fora, sente saudade dele e fica bravo por não enviar nenhuma notícia. Sua mãe é totalmente lunática, vive sempre entre dois pólos, frequentando as palestras "new age", e se exaltando quando o nome do ex-marido é mencionado. Ou seja, nesse mundo nada convencional, o garoto poderia se construir de maneira errônea, mas ele consegue captar a essência de cada um e aproveitá-las de um jeito bem legal. É a fase das escolhas e dos caminhos. Contrastando mundos, por um lado o homem cabra que o criou desde pequeno o influenciando a gostar da natureza, e o pai verdadeiro do qual a vida é totalmente diferente, mas as personalidades díspares podem andar juntas e somar na personalidade do menino.
Já longe de casa, estudando, começa a conviver com o seu pai que pouco via, de início a relação é uma mistura de rancor e frieza, mas Ellis é muito inteligente e percebe as qualidades dele apesar de tê-lo abandonado, começa a conhecê-lo, a entendê-lo, e assim admirá-lo. Seu pai construiu uma vida nova, sua mulher que por sinal é muito simpática espera um bebê, do qual Ellis se vê envolvido depois. São dois extremos, por um lado o homem cabra completamente descompromissado com a vida "real", o outro ambicioso e consistente em termos ditos comuns. Ellis, por sua vez, entra em fase de mudanças, ele decide estudar já que tem capacidades, cheio de vontade e entusiasmo permanece no colégio que o preparará para a universidade, que foi também a mesma de seu pai; este que é constantemente chamado de idiota pela ex-mulher, porém Ellis o vê de outro jeito agora. Sua mãe e o homem cabra também são vistos diferentemente por ele nesta fase, esse homem o ensinou a ser aberto para a vida e, sem dúvida, ele é a sua base. Nesse ponto é interessante observar o quão importante é conviver com pessoas de olhares diversos, Ellis decidiu seu caminho, mas sabe da importância que sua família nada comum tem sobre ele. E especialmente, o homem cabra.
O filme é totalmente despretensioso, é uma história que está sendo contada e nada mais. É uma comédia leve sobre pontos de vista, que mostra que é normal se influenciar pelas pessoas das quais amamos, pegar o que elas têm de melhor a nos oferecer e usar isso a nosso benefício, como algo que nos inspire a sermos melhores. Tentar compreender o que cada um tem para nos mostrar, e respeitá-los da maneira que são. Só assim seremos plenos, quando aceitarmos de verdade as pessoas e a forma delas pensarem.
Vale dar uma conferida e ver David Duchovny interpretando o homem cabra.
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