O cinema sul-coreano indiscutivelmente sabe produzir filmes para mexer com nosso psicológico. A história de vingança é brutal, sangrenta, mas completamente justa. O diretor Jee-woon Kim (Medo - 2003) nos dá duas longas horas e meia de cenas impressionantes e avassaladoras.
Kyung-chul (Min-sik Choi) é um perigoso psicopata. Mata apenas pelo prazer do sofrimento que causa nas suas vítimas. Essas são sempre mulheres. A polícia anda no seu encalço há muito tempo, sem nunca o conseguir apanhar. Uma noite, a filha de um chefe da polícia reformado é encontrada morta e brutalmente desfigurada. O noivo dela, Kim Soo-hyeon (Byung-hun Lee) é um agente secreto, e vendo a incapacidade da polícia em agir e resolver os homicídios, decide ele mesmo perseguir e capturar o assassino.
Soo-hyeon só tem um objetivo, que é fazer Kyung-chul sentir o mesmo horror e sofrimento das suas vítimas. Assim começa um jogo macabro em que caçador e presa trocam de papéis, o psicopata assassino é convertido em vítima e o caçador em monstro, igual aquele que deseja destruir. Nas primeiras cenas percebemos quem é o diabo, só que nossa opinião vai mudando conforme o desenrolar. Kyung-chul furioso por conta do que seu caçador anda fazendo, deseja vingar-se dele, é um jogo de gato e rato muito original e sangrento. A mistura de ação, suspense, drama e thriller aumenta a tensão a cada cena.
Parece que a Coréia do Sul se especializou em inventar histórias de vingança sem cair nas próprias armadilhas, nada se compara com as cenas de sadismo, o clima é intenso e totalmente eficaz para quem o assiste.
Em determinados momentos personagens secundários alertam Soo-hyeon sobre o caminho que ele está seguindo, mais especificamente sobre seus resultados, perseguir, torturar e matar Kyung-chul não traria Joo-yeon de volta. Ele, porém, não dá ouvidos a ninguém. Soo-hyeon prolonga ao máximo o término de sua vingança, porque sabe que o que virá depois será três mil vezes pior. Suportar o vazio depois de tudo e ter que lidar com o monstro que criou internamente. Diferente do maluco que assassinou sua amada, que tinha prazer em matar, não pensava nas consequências e também tão pouco se importava em morrer.
A linha entre o bem e o mal se desfaz com o fim do longa, percebemos que o justiceiro se transformou num monstro tanto quanto Kyung-chul. É indescritível as cenas finais. A personificação do mal acontece em um diálogo de estremecer, onde o assassino diz não conhecer a dor e o medo.
O ator Byung-hun Lee tem uma performance magistral, uma transformação inimaginável e realmente intensa. E Min-sik Choi em um personagem sádico, cruel e manipulador, encarna a verdadeira expressão diabólica. Juntos fazem uma dupla implacável.
Para quem curte o estilo é obrigatório que veja "Eu Vi o Diabo", e esse é apenas uma amostra do que os sul-coreanos são capazes. Um filme sem meio-termo, que não desperdiça tempo, é cru e os dois personagens não dão trégua um para o outro. Quando se pensa que já acabou, é aí que surge uma reviravolta e muda completamente o rumo da história.
"Impossível ter uma vingança absoluta contra o verdadeiro mal."
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