Baseado no livro "Push", de Sapphire (Ramona Lofton), com roteiro de Geoffrey S. Fletcher fixa a ambientação da história em 1987, no Harlem, de ruas imundas e prédios grafitados, onde vive Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe). O filme independente de Lee Daniels conta o drama vivido por uma adolescente de 16 anos. Negra, pobre e gorda que sofre discriminação, violência doméstica e incesto. Preciosa é a protagonista dessa história, seu sofrimento faz com que crie um mundo de sonhos que é acionado toda vez que ela sofre abusos, possui um comportamento apático, distante e nervoso. Sua mãe é muito agressiva, violenta, preguiçosa, arrogante e aproveitadora, está sendo desprezada pelo marido, o que a faz descontar toda a raiva na filha. Desde os três anos de idade Preciosa sofre abuso sexual de seu pai, dessa relação incestuosa ela acabou tendo uma filha com Síndrome de Down, criada por sua avó, e mais tarde viria um menino, Abdul. Com o nascimento do segundo filho sua vida toma outro rumo.
A força dos amigos que aprenderam a amá-la, mostra-lhe outra realidade diferente da que foi criada, incentivando-a aos estudos e estimulando sua independência. Preciosa passa a acreditar num futuro melhor com dignidade e esperança. Sua mãe, Mary (Mo'Nique) está desempregada, é uma mulher intolerante que se aproveita de programas de assistência governamental à criança mongoloide, pela qual, na verdade, não se responsabiliza. Quando a diretora da escola descobre que Preciosa está grávida, impede-a de frequentar as aulas, aconselhando-a procurar uma organização que oferece cursos alternativos. É passando para esses cursos que ela vai conhecer algumas pessoas que se sensibilizam com a sua desventura ao ouvi-la clamar: "O amor não fez nada por mim! O amor me bate, me estupra, me chama de animal, me faz sentir uma inútil, enfim, me deixa doente". Mas é aí que ela descobre que nunca soube o que é o amor, e é dentro daquele ambiente, a escola alternativa, que conhece o verdadeiro significado do amor e percebe que não era obrigada a aguentar o que passava em sua casa. A professora amavelmente a estimula a aprender a ler e a escrever em um pequeno diário. A assistente social interpretada por Mariah Carey, leva Preciosa a refletir sobre os males que lhe causam, mesmo que involuntariamente, a sua situação em casa. Quando ela se interna num hospital para dar a luz a Abdul, conhece o enfermeiro John McFadden (Lenny Kravitz), que lhe demonstra também muita ternura.
A mãe de Preciosa é má, ignorante, detestável, nojenta. Desde sempre deixou que seu marido abusasse dela e assim adquiriu asco da pobre coitada que não tinha nenhum estímulo de vida. É uma tortura assistir a violência física e moral que Preciosa recebe. Ela sempre sonha em ter um namorado branco, ser famosa, ser magra e loira, ou seja, padrões adotados pela maldita mídia que insere isso na cabeça das meninas, se elas não tiverem essas características estará à margem da sociedade. Isso é claramente um abuso. Outra coisa que o filme mostra é a importância dos estudos, aprender, conhecer, pois só assim nos damos conta de que o mundo é grande e as pessoas são diferentes. No caminho iremos encontrar pessoas que tem problemas maiores ou menores que os nossos, mas procurar sair deles é a solução, e foi o que Preciosa fez, admitiu que a mãe era uma psicopata infeliz e foi viver com pessoas das quais tinham carinho por ela, conseguiu sua filha de volta e saiu pra vida com dois filhos pra criar, porém com muita vontade de crescer independente da opinião alheia.
"Preciosa" não apela para melodramas mostrando uma coitada com milhares de problemas, ao contrário, ele nos envolve numa história encantadora, a personagem não se lamenta, ela sonha quando algo ruim acontece, vemos uma linguagem universal que abrange qualquer público, e que certamente todos tirarão algo de bom pra si.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SE FOR COMENTAR, LEIA ANTES!
NÃO ACEITO APENAS DIVULGAÇÃO.