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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Gigante

"Gigante" (2009) é um filme simples e realista, de pessoas comuns que precisam sair de situações cotidianas, Jara enfrenta, como tantas outras pessoas, a timidez. Ele é vigia noturno de um supermercado e se apaixona por uma das faxineiras através das câmeras de segurança que ele acompanha pela madrugada. Solitário, de rotina vazia, de poucas palavras e amigos, Jara tem uma grande dificuldade em se aproximar de sua pretendente e prefere vigiá-la fora e dentro do supermercado, como um voyeur. Somos testemunhas de sua timidez aguda. São poucos os diálogos no filme e a direção é muito eficiente em expressar os sentimentos e sensações de Jara. Horacio Camandule confere enorme consistência a seu personagem, um sofredor apaixonado, e o reveste de complexidade, usando de sua expressão. É o tipo de filme em que o pouco é o bastante.
"Gigante", de Adrián Biniez cativa por ser uma história normal, o protagonista trabalha vigiando os outros, mas também há cenas das quais ele é vigiado, sem querer o diretor expressou o sistema atual em que vivemos, somos vigiados 24hs por dia, em qualquer lugar. A crítica surge de forma natural e mostra o quão pouco de privacidade temos. São vidas pequenas sendo agigantadas, o cotidiano tomando forma, nos aproximando de pessoas comuns. Seres humanos praticamente invisíveis, mas necessários para o movimento, no caso de Jara, o supermercado.
O romantismo masculino predominante no filme é demonstrado sutilmente, ele simplesmente a vigia fora e dentro do trabalho, não chega perto. A personalidade do protagonista é interessante, apesar de enfadonha, um grandalhão que escuta rock pesado. A parte em que ele descobre que Júlia, sua amada, também gosta de rock é das mais legais, parece que ele enxerga uma luz no fim do túnel e, talvez, um começo.

"Gigante" foge completamente dos esteriótipos, mostra como algo tão comum pode render uma bela história, e que lugares inusitados também podem despertar a descoberta de um amor e o fascínio por alguém. É um filme criativo, preciso e o diferencial o torna especial, promovendo um olhar mais detalhado sobre a vida cotidiana.
O filme tem uma ótima sacada sobre a vigilância, o big brother da vida real, a câmera que faz parte do dia a dia de muitas cidades, e que servem tanto para aproximar, como distanciar uns dos outros, inteligentemente sem debater o assunto o diretor coloca isso em questão.
A simplicidade na maioria das vezes é a que nos conta as melhores histórias.

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