"Eu Matei Minha Mãe" (2009) dirigido por Xavier Dolan (Amores Imaginários - 2010) conta a história de Hubert (Xavier Dolan), ele não ama a sua mãe, as roupas bregas e pequenos detalhes como a forma que ela come, são motivos para enxergá-la com desprezo. Os mecanismos de manipulação e a culpabilização empregados por ela também não lhe passam despercebidos, e Hubert se vê progressivamente tomado por uma relação de amor e ódio fora de seu controle. Confuso, ele vaga por uma adolescência ao mesmo tempo marginal e típica, repleta de descobertas artísticas, experiências ilícitas, amizades e sexo.
Xavier protagoniza de maneira histérica seu relacionamento com a mãe, a obra é semi-autobiográfica e retrata a dificuldade na comunicação entre mãe e filho. O roteiro não tem nada de especial, tudo gira em cima do mesmo assunto, mas mesmo assim não deixa de ser interessante, pois o que se vê ali, acontece e muito. Os adolescentes veem os pais, principalmente, a figura da mãe como se fosse de outro planeta, no caso de Hubert, as roupas bregas, o modo como a mãe come e age, são alguns dos motivos para ele implicar, mas a mãe também não é uma mulher com grandes qualidades, a maneira que lida com o filho fica evidente que está de saco cheio daquela situação, porém há amor, estranhamente o afeto existe.
O título "Eu Matei Minha Mãe" é uma forma simbólica de explicar que Hubert está naquela fase em que os laços necessitam ser cortados para que a relação dos dois seja mais saudável. Chega um ponto em que as discordâncias de pensamentos e rumos tomados se destoam tanto que o distanciamento psíquico ou físico é a melhor opção. No psíquico seria ampliar o olhar sobre aquele ser que o gerou, a transformando em uma pessoa normal, vista de fora, cortando o laço materno, o cordão umbilical. E isso se torna mais penoso quando a relação é exclusivamente mãe e filho, sem outra figura, seja masculina, ou de irmãos e irmãs. Chantale (Anne Dorval) está cansada, e com o tempo o amor pelo filho foi sendo guardado, pois ele crescia e também se fechava. Na sua imaturidade não contou a mãe sobre sua homossexualidade e se refugiava na casa de seu namorado, cujo ambiente era liberal, mas culpar a mãe que julgou que o filho poderia andar com as próprias pernas e já não sentia necessidade de contar seus pensamentos, ou Hubert que julgou que sua mãe não entenderia seu lado é uma situação difícil. Tudo se transforma em caos devido a falta de diálogo.
O filme retrata um período efervescente, ser adolescente, dono da verdade, rebelde, impetuoso, mas que no fundo ainda carece de cuidados e proteção.
Xavier Dolan é um jovem cineasta brilhante, tem personalidade e originalidade. "Eu Matei Minha Mãe" não é um grande filme, mas dentro da proposta apresentada se torna uma obra primorosa.
"Imagino que, às outras pessoas, odiar a mãe pareça um pecado. É uma hipocrisia. Estou certo de que também odiaram as suas mães. Talvez um segundo ou todo um ano."
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