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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Circunstância (Circumstance)

Romances e paixões proibidas foram contadas inúmeras vezes no cinema, e sempre tem um sabor gostoso em vê-las, mas neste longa iraniano, como o próprio título sugere não é bem assim, já que o modo de vida deles é completamente diferente de qualquer outro país. O Irã é um lugar onde não se tem liberdade, é opressor em relação as mulheres, mas de uma forma ou outra, o jovem de hoje em dia tenta se desvencilhar dessas circunstâncias, mas infelizmente, quase sempre as tentativas falham.
Atafeh e Shireen são duas amigas que estão descobrindo a natureza do amor, elas buscam em meio à repressão poder se expressar e se divertir, mas acabam caindo no mesmo dilema religioso e político do país. As meninas se apaixonam e a situação vai se complicando a ponto de ser insuportável.
O irmão de Atafeh é um ex-viciado em drogas, que ao voltar para casa depois do tratamento, se converte ao islamismo, e não demora para que ele fique fanático e obcecado por Shireen. Interessante que é retratado no filme o submundo da vida noturna do Irã, que não é tão diferente do ocidente, se não fosse proibido o comportamento que ali se passa.
É um filme que expõe uma história homossexual entre duas garotas num país completamente fechado, e isso já pode ser considerado um triunfo, serve para gerar discussões, principalmente no próprio país. O problema é que a história é arrastada, pois não se pôde aprofundar no relacionamento das meninas, é contido e logo as cenas de casamentos arranjados aparecem. O sonho de Atafeh em fugir para Dubai, um país livre, deixa claro o quanto os jovens se sentem castrados em viver ali.
Destaque para a beleza das garotas e todo o charme da mulher iraniana, mas é desolador ver que o machismo é dominante e impede-as de serem livres, elas são vistas como parideiras, e nas leis mais rígidas, dependendo da família, elas não podem ficar sem o hijab diante dos próprios familiares, porém há os que já deixaram esta "formalidade" de lado. No caso de Atafeh, o pai é um homem liberal e já tinha sido um revoltado com o regime quando mais novo, então entende a sua filha, só que seu irmão Mehran não vê as coisas por esse lado e as circunstâncias acabam sendo as mesmas de sempre.

As interpretações são boas e a trilha sonora maravilhosa, resplandece toda a cultura do país. A jovem cineasta Maryam Keshavarz cresceu nos EUA, e o filme foi rodado no Líbano, longe dos olhares conservadores do Irã. As preocupações com a segurança limitaram a criação de um Irã nas telas, então as locações ficaram restritas para não soar artificial.
Alguns ativistas dizem que a separação entre meninos e meninas nas escolas, criam confusão sexual. O que fazer quando uma garota não pode chegar perto de um garoto para não causar polêmica? Este filme deve ser visto, pois nem todos tem a consciência do que acontece no Irã. Independente de saírem soluções, só de gerar a discussão já é um enorme passo.

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