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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Os Garotos nas Árvores (Boys in the Trees)

"Os Garotos nas Árvores" (2016) dirigido por Nicholas Verso é um filme que utiliza elementos sombrios para metaforizar a difícil passagem para a fase adulta, apesar da fantasia que o envolve não há floreios ou qualquer mera justificativa para o tédio, o bullying, os traumas e o desejo de aceitação. É o universo adolescente que pulsa e que desperta como um animal selvagem.
É Halloween em 1997, e também a última noite na escola para dois adolescentes skatistas, que vão deixar para trás a fase escolar e adentrar na famosa fase adulta. Mas, para um deles, Corey (Toby Wallace), alguns assuntos do passado ainda precisam ser resolvidos envolvendo Jonah (Gulliver McGrath), um velho conhecido da infância. Para isso, os dois vão embarcar em uma viagem apavorante através de suas memórias, sonhos e medos.
Inicialmente a história causa estranhamento, oscila entre gêneros e confunde por não entregar o que está de fato acontecendo, vamos aos poucos criando empatia pelos personagens centrais e entrando nas camadas que sugere, o terror está presente o tempo todo, mas de formas diversas, não só com os elementos que fazem parte da festa de Halloween e seu clima soturno, mas também por conta das atitudes dos meninos e seus monstros interiores, o tédio é a explicação da violência cometida contra Jonah, o diferente, o garoto sensível, o bullying é severo e ele é completamente excluído da turma da escola. Sozinho ele caminha na noite, enquanto os demais pregam a foto do momento em que foi humilhado. Corey entra no jogo porque precisa, é a lei da selva, ou você faz parte da matilha ou corre para não ser pego, só que ele está amadurecendo e repensando suas atitudes, mas é pressionado constantemente por seu amigo Jango (Justin Holborow), o líder do bando. Corey está insatisfeito com as atitudes do amigo e prefere se distanciar na noite de Halloween, onde todos estão bebendo e zoando dentro do cemitério, ele se afasta e acaba encontrando Jonah na pista de skate, assustado o garoto cai e Corey vai socorrê-lo, daí em diante seguem juntos noite adentro, passam por lugares obscuros que trazem reminiscências, Jonah conta histórias, jogam um jogo chamado cócito e a realidade vai se confundindo liberando um amontoado de memórias traumáticas. A amizade de infância perdida entre os meninos, as suas causas e então as consequências.

O aspecto sinistro vai ficando cada vez mais forte à medida que os personagens revelam seus traumas e medos, é um conto triste de amadurecimento, um lembrete de que crescemos apenas quando lidamos com nossos erros e encaramos nossos monstros, no filme todos os adolescentes estão vagando, sem saber aonde pertencem, estão no meio termo, nem crianças e nem adultos, daí surge a necessidade de formar um grupo e se estabelecer como parte de algo, como a perseguição ao que supõem ser o mais fraco. Conforme vão despertando sentem necessidade de aceitação e para aquele que não deseja fazer parte do bando é extremamente doloroso, Jonah cita uma frase a Corey em determinada parte que exemplifica: "O homem é por natureza um animal social. Qualquer um que não faça parte da sociedade ou é uma fera selvagem ou um Deus."

"Os Garotos nas Árvores" capta o espírito juvenil com originalidade, os elementos sobrenaturais só intensificam os sentimentos e metaforizam as dificuldades das quais passam, além do visual que carrega nostalgia, os jovens perambulando pelas ruas sem muito o que fazer reflete bem à época que a história se passa, assim como a trilha sonora que contribui com todo o desenvolvimento, vai desde Marilyn Manson, Garbage, The Offspring, Metallica, Rammstein à belíssima "Hollow" composta e interpretada por Wendy Rule. 

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